Há um mês a vida de Liliane França da Silva, 44 anos, técnica de higiene bucal, virou de cabeça para baixo. “Mataram o Laudemir”, três palavras ditas pelo telefone no início da tarde de 11 de agosto fizeram com que ela perdesse a força das pernas, naquele momento, e, em seguida, o rumo da história que construía ao lado de “Lau”, gari de bem com a vida que, segundo ela, fazia de tudo para vê-la bem.
Um mês após o crime, ela vive os primeiros dias de retorno ao trabalho, desde a terça (9), passos iniciais para voltar a uma rotina que vá além das lembranças do marido e da luta por justiça e melhores condições para a classe dos garis.
“Hoje foi bom, meus colegas de trabalho são top”, disse ela quando perguntada sobre a volta ao trabalho, em um posto de saúde de Contagem. O acolhimento dos amigos e sociedade civil é um dos impulsos para que Liliane siga viva.
Essa é a série de reportagens especiais “Um mês sem Laudemir”, onde contaremos os impactos da morte de Laudemir na vida das pessoas que o amavam e precisavam dele.
A Itatiaia foi até a casa onde Laudemir vivia com Liliane para um bate papo exclusivo sobre os impactos da morte do marido em sua vida, pessoal, profissional e financeira.
Liliane contou que frequentemente vê fotos e lê suas conversas com Laudemir
‘Fico esperando ele chegar’
Liliane voltou ao trabalho dois dias antes da data que marca um mês da morte de Laudemir. Segundo ela, retomar suas atividades é algo que pode ser de grande ajuda, pela sensação de “continuidade”.
“Até agora, eu não tenho visto muito rumo. Eu perdi o norte da minha vida. Como a gente sentava e conversava muito eu fico esperando ele chegar, mandar alguma mensagem. Mas percebo que isso não vai acontecer, então eu preciso resolver. Eu espero muito dar conta. Preciso fazer alguma coisa, está muito difícil”, desabafou a técnica de higiene bucal.
Junto da dor da perda e de toda a enorme carga emocional envolvida, a morte de Laudemir também trouxe problemas na estrutura familiar de Liliane, afinal, o homem era peça fundamental na subsistência da família, que se divide entre o casal, as duas filhas da mulher, o genro e o neto de um ano e sete meses.
“O que aconteceu impactou bastante. Como a gente veio para essa casa com tudo acordado, tudo dividido, acabou que ficamos meio desorientados. A gente redividiu as dívidas e a parte dele dividimos por igual em três. Mas acabou ficando puxado, porque já estávamos no limite com quatro e, sem uma pessoa, piorou”, contou ela.
‘Não perdi sozinha’
Segundo Liliane, a ajuda de amigos tem sido fundamental neste momento de mudanças. Ela contou que uma amiga a ajudou com as compras na semana do ocorrido, sua irmã também tem levado itens para a casa.
“A população tem oferecido ajuda, a Localix, empresa dele, também, o SINDEAC (Sindicato dos Empregados em Edifícios e Condomínios, em Empresas de Prestação de Serviços em Asseio, Conservação e Higienização) que ofereceu psicólogo, psiquiatra e outras coisas, fiquei muito grata. As pessoas são muito caridosas e sempre oferecem ajuda. Eu que não fico pegando, aceito de acordo com a minha necessidade.
Eu sou muito grata a Deus. Não tem faltado nada na minha casa, minhas dívidas estão em dia e muita gente disse que, se eu precisar, irão me ajudar”, continuou.
Liliane e Laudemir pretendiam comprar uma casa própria
Por outro lado, a família, até então, não recebeu auxílio do poder público.
“Ainda não chegou nada. A Localix conversou comigo e ofereceu ajuda se eu precisar. Na verdade eu nem penso muito nessas coisas. Eu nunca fui muito de pedir e agora minha vida está de cabeça para baixo”, explicou ela.
“As pessoas me mandam mensagens, param na rua e oferecem abraços. Eu acho isso tão lindo. Aquece o coração da gente. Parece pouco, mas não é pouco”.
Saiba tudo sobre o caso:
Gari morto em BH: quais crimes ou condutas impróprias a delegada pode responder? Gari morto em BH: delegada será julgada pela Justiça comum ou há ‘Justiça especial’? Gari morto em BH: o que pode acontecer com delegada após novas mensagens divulgadas? MP concorda com bloqueio de bens de Renê, assassino do gari Laudemir Gari morto em BH: Renê Júnior pode ter bens bloqueados; saiba valores Colega de gari revela detalhes inéditos da discussão com empresário antes do crime ‘Tirou minha alegria de trabalhar’, diz colega de gari morto por empresário em BH Gari grita ao ser baleado por Renê Júnior em BH: ‘Acertaram em mim’ Advogado de família de gari sobre conversas de Renê com esposa: ‘Um absurdo’ Assassino de gari andava com armas no banco da frente do carro; veja vídeo ‘Quanto eu lutei para chegar até aqui’, diz Renê sobre ‘conquistas acadêmicas’ ‘Estava no lugar errado, na hora errada’, diz mensagem de Renê enviada à esposa Após matar gari, empresário mentiu para o chefe e disse que se atrasou por ‘trânsito’ Acusado de matar gari usou comando de voz do carro para sintonizar Rádio Itatiaia PC indicia delegada, esposa de assassino de gari: ‘ela sabia que ele usava a arma’ Gari assassinado: advogado de Renê Júnior pede reconstituição do crime em BH Morte de gari: assassino confesso, Renê Júnior define quem será seu advogado Morte de gari: juíza cita ‘tumulto processual’ e intima Renê a definir advogado Morte de gari: em carta, assassino chamou crime de ‘mal-entendido’ e ‘acidente’ Advogado de assassino de gari não sabe se segue no caso: ‘Prometo o que posso cumprir’ Morte de gari: Renê Júnior escreve carta e volta atrás em decisão; leia Renê Júnior, preso por matar gari em BH, muda de advogado pela terceira vez Gari assassinado em BH: novo advogado de Renê diz que ‘ficha caiu’ para empresário após dias na prisão Homenagem a garis na Virada Cultural de BH vira tributo póstumo a Laudemir: ‘Cada vida importa’ Laudemir Fernandes: veja tudo o que se sabe do caso do gari assassinado em BH Gari morto em BH: entenda quem assume a defesa após advogados desistirem do caso Gari morto em BH: Justiça nega bloqueio de bens de assassino e delegada Gari morto em BH: depois de Harvard, faculdade importante nega histórico de suspeito Gari morto em BH: criminóloga explica o que é ‘condutopatia’ e aponta sinais do suspeito Morte de gari em BH: ficha criminal de Renê Júnior no RJ é divulgada; veja Morte de gari: advogado diz que há provas contundentes para indiciar Renê Júnior Advogado da família de gari morto pede bloqueio de bens de suspeito e de delegada Gari morto em BH: arma usada no crime é de delegada da PC, dizem fontes Gari morto em BH: Justiça quebra sigilo e PC terá acesso a rotas de carro e ligações de celular Empresário suspeito de matar gari divide cela com filho que matou professora Soraya Gari assassinado: suspeito é transferido para presídio da Grande BH após audiência Suspeito de matar gari chegou ao trabalho 30 minutos depois do crime, dizem fontes Sejusp desmente suspeito de matar gari, que afirmou conhecer secretário em tom de ameaça Suspeito de matar gari diz em audiência que dormiu no chão, foi constrangido e faz ameaça Preso por matar gari, empresário alegou pobreza para ter Justiça gratuita em processo de 2024 Ex-mulher de suspeito de matar gari em BH já o denunciou por agressão a vassouradas no RJ Gari morto em BH: ‘periculosidade’ de suspeito foi crucial para mantê-lo preso; juiz lista motivos Gari morto em BH: suspeito é demitido após duas semanas de contratação Homem suspeito de matar gari com um tiro na barriga em BH é marido de delegada da Polícia Civil Homem suspeito de matar gari com um tiro na barriga é preso em academia, em Belo Horizonte ‘Pessoa de um coração enorme’, diz gestor do gari assassinado com um tiro na barriga em BH ‘Matou um pai de família’, diz dono de empresa de gari assassinado durante briga de trânsito em BH