Na última semana, novas mensagens obtidas pela Polícia Civil na investigação do assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, foram divulgadas.
Entre as mensagens, às quais a Itatiaia teve acesso, destacam-se
“Estava no lugar errado, na hora errada. Amor, eu não fiz nada.”
Depois, sobre a arma, ele falou para que a esposa pegasse uma outra arma, e não a que foi usada no crime.
“Pega a 9 mm, entrega a 9 mm, não pega a outra.”
Nogueira Júnior fez esse pedido porque a 9 mm não foi a arma usada no crime. Para matar Laudemir Fernandes, Renê utilizou uma 380. A mulher não atendeu ao pedido do marido e entregou a arma correta.
Além disso, Renê e Ana Paula conversaram por cerca de sete minutos logo após o homem cometer o crime. O conteúdo, porém, não pôde ser recuperado pela polícia.
A delegada pode responder como cúmplice do homicídio?
A Itatiaia conversou com o advogado criminalista Luan Veloso para entender as implicações que as conversas podem ter na investigação. Segundo ele, mesmo com as novas mensagens, Ana Paula Lamego Balbino Nogueira não responderá como cúmplice.
“Segundo as investigações, a delegada foi indiciada por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, ao ter cedido ou emprestado sua pistola ao marido, que não possuía permissão legal para manuseá-la. Além disso, a Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais instaurou procedimento administrativo para apurar eventual infração disciplinar.
A princípio, está descartada sua participação no homicídio, uma vez que, embora soubesse que o marido utilizava sua arma, não há provas de que ela a tenha entregue com o propósito de cometer o crime. Emprestar ou permitir o uso da arma constitui crime (porte/posse irregular), mas somente gera vínculo com o homicídio se houver nexo direto de intenção ou colaboração, ou seja, seria necessário o dolo de contribuir para o crime de homicídio”, afirmou Veloso.
Renê Júnior pediu ajuda a coronel
Renê Júnior, que foi indiciado por homicídio duplamente qualificado — por motivo fútil e por impossibilitar a defesa da vítima —, além de ameaça e porte ilegal de arma, pediu ajuda ao coronel.
“Amigo, você pode me ajudar?”. Renê explicou: “Estou cercado de PM, estão me acusando de homicídio. Estão falando que cometi um homicídio”, escreveu.
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O coronel reformado pergunta se pode falar com o tenente responsável pela ocorrência e, em seguida, o aplicativo registra uma ligação de áudio de cerca de dois minutos, sugerindo que a conversa ocorreu.
“Fique calmo. Pelo que entendi, estão averiguando. Muito inicial. Solicitei cautela na abordagem dos fatos. Me dê notícias”, escreveu o coronel, que pergunta se Renê estava com a esposa, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira, indiciado pela Polícia Civil pelo crime de porte ilegal de arma. “Está, sim”.
“Eles querem me conduzir para delegacia”, escreveu o assassino. “É o procedimento, pois a Polícia Civil que irá apurar”, respondeu o militar, que tentou acalmar Renê, dizendo que tudo seria esclarecido.
O crime
A vítima trabalhava na coleta de lixo quando Renê Júnior, que dirigia um BYD de cor cinza, que seguia no sentido contrário, se irritou, alegando que o veículo atrapalhava o trânsito.
Armado, Renê apontou a arma para a motorista do caminhão e ameaçou atirar no rosto dela. Ele seguiu, passou pelo caminhão, desceu do carro com a arma em punho, deixou o carregador cair, o recolocou e atirou contra o gari.
A bala atingiu a região das costelas do lado direito, atravessou o corpo e se alojou no antebraço esquerdo. Renê foi preso horas depois, ao chegar à academia.
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