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Morte de gari em BH: ficha criminal de Renê Júnior no RJ é divulgada; veja

Renê Júnior tem histórico de violência doméstica e um homicídio culposo após acidente de trânsito

Ficha criminal de Renê da Silva Nogueira Júnior

A Itatiaia teve acesso à ficha criminal de Renê da Silva Nogueira Júnior, apontado preliminarmente como o assassino do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos. O suspeito já tinha histórico na polícia do Rio de Janeiro.

Na ficha, consta que Renê era morador da cidade de Belfort Roxo, na Baixada Fluminense, e que seu grau de escolaridade era de 2° grau completo.

Nela, há duas ocorrências em que Renê foi o autor. A primeira, ocorrida em 2003, trata-se de agressão à sua ex-esposa com vassouradas.

Ela, mãe do único filho do empresário carioca, declarou que o relacionamento durou mais de três anos, mas que o casal chegou a terminar (mas morando na mesma casa) por um ano e meio devido a diversas discussões. No dia da ocorrência, durante uma briga, Renê teria desferido uma vassourada no braço direito e outra na perna direita da mulher, além de empurrá-la.

O boletim de ocorrência informa que a discussão começou quando o casal decidiu se separar, mas houve impasse sobre quem deixaria a residência, que, segundo o documento, pertencia aos pais de Renê.

Ainda conforme o registro, o empresário afirmou que a ex não aceitava a separação e que, diante disso, a discussão começou. No depoimento, ele admitiu as agressões, alegando “perda de controle emocional” e dizendo que elas “só aconteceram após a vítima tentar usar o filho do casal”.

O caso foi registrado na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Belford Roxo e a investigação encaminhada à Justiça.

Histórico criminal de Renê da Silva Nogueira Júnior

Acidente de trânsito

A segunda ocorrência, datada de 2011, cita um acidente de trânsito que terminou com a morte de uma diarista de 46 anos. O atropelamento, ocorrido no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, foi registrado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Na ocasião, Renê pilotava uma Honda CBR do ano de 2010, moto de alta cilindrada.

Ambas as ocorrências foram concluídas e encaminhadas ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Agressão em São Paulo

Renê também responde a outro inquérito de violência doméstica em São Paulo. Ele teria chegado a quebrar o pé de uma ex-companheira, dentre outras agressões. Outros detalhes não foram divulgados.

Renê também aparece como vítima

Na ficha, há duas ocorrências que têm Renê como vítima. Uma do crime de perseguição e outra do de extorsão. Ambas estão datadas de 2024. Não foram apresentados outros detalhes.

Advogado pediu bloqueio de bens de suspeito e de delegada

Tiago Lenoir revelou, ainda, que pediu o bloqueio de bens de Renê da Silva Nogueira Júnior, apontado preliminarmente como o autor do homicídio, e de sua esposa, a delegada da Polícia Civil, Ana Paula Lamego Balbino Nogueira.

“Ontem mesmo eu entrei com o pedido de bloqueio de todos os bens, tanto do Renê, quanto da delegada Ana. Para que todas as pessoas que direta ou indiretamente sejam responsabilizadas por isso, eles reparem os danos materiais, morais e respondam criminalmente por tudo isso. Cada um na medida da sua culpabilidade”, revelou Lenoir.

O advogado explicou o que busca com o pedido.

“Isso é uma questão de tutela antecipada. O Código de Processo Civil, o Código de Processo Penal, prevê essa tutela antecipada. Eu não estou falando que a delegada é culpada de absolutamente nada. Por incrível que pareça, eu não posso nem falar que esse indivíduo é culpado. Ele tem todo o direito de defesa, do contraditório, e é ao final que ele será considerado culpado. Por enquanto há indícios suficientes de autoria e materialidade.

A tutela antecipada é pra garantir que eventualmente o patrimônio deles não seja dilapidado (deterioração intencional ou negligente de bens) e isso daí repare o mínimo. O máximo não tem como, que é incomensurável o retorno de uma vida, agora é o mínimo para essa família”, explicou Tiago Lenoir.

Gari morto em BH: arma usada no crime é de delegada da PC

A arma usada no assassinato do gari Laudemir de Souza era da delegada Ana Paula Balbino, esposa de Renê Júnior. O fato foi constatado após o teste balístico da arma. A informação foi confirmada pela Polícia Civil, que divulgou uma nota.

“De acordo com os exames periciais realizados, a arma de fogo utilizada no homicídio, ocorrido na última segunda-feira (11), no bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte, que vitimou um homem, de 44 anos, está registrada em nome da servidora da instituição. Trata-se de uma arma de fogo particular”, diz comunicado.

Renê está preso desde a segunda-feira (11). Ele foi detido horas após o crime em uma academia na Avenida Raja Gabaglia, região Oeste de Belo Horizonte.

Já a delegada é investigada pela Corregedoria da Polícia Civil. Ela foi ouvida e teve duas armas recolhidas em sua casa: uma arma de fogo de uso particular e uma da corporação. Em um primeiro momento, a delegada havia dito que o marido não tinha acesso ao armamento.

Justiça quebra sigilo e PC terá acesso a rotas de carro e ligações de celular

A Justiça de Minas Gerais determinou a quebra do sigilo telefônico e do rastreamento do carro de Renê Júnior. A empresa BYD do Brasil e a operadora Claro deverão fornecer informações como rotas percorridas, comandos de voz, velocidade, registro de chamas e demais dados telemáticos do veículo no dia do crime.

Um dos pontos apurados envolve o tempo de deslocamento do suspeito entre a cena do crime e o local onde realizava testes como representante comercial, em Betim. Conforme as apurações, ele teria deixado o bairro Vista Alegre por volta das 9h07, chegando à empresa cerca de 30 minutos depois, às 9h37 - um intervalo considerado compatível com a distância e o trânsito no momento.

A polícia também analisa imagens registradas logo após a chegada de Renê ao trabalho, observando seu comportamento durante o período em que permaneceu na empresa.

“Essas quebras de sigilo telemático, telefônico, vão alicerçar todas as informações que já existem no processo”, garantiu Tiago Lenoir, em entrevista ao Itatiaia Patrulha.

O crime

Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, foi morto com um tiro no abdômen na manhã dessa segunda-feira (11), no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte. De acordo com a Polícia Militar, o crime foi motivado por uma briga de trânsito. A vítima chegou a ser socorrida por populares, mas não resistiu.

Segundo o dono da empresa terceirizada que presta serviço à Prefeitura de Belo Horizonte, o suspeito ameaçou a motorista do caminhão de coleta, apontando um revólver para o rosto dela antes de disparar contra o gari. Ele afirmou que a rua era larga e que a motorista havia encostado o caminhão para permitir a passagem do carro do atirador, um BYD de grande porte.

Mesmo assim, o homem teria feito a ameaça de matar todos caso o veículo fosse encostado no dele.

Os garis tentaram convencer o agressor a não atirar, mas, após o carro passar, ele teria descido, atirado e atingido o abdômen de Laudemir. O trabalhador foi levado para o Hospital Santa Rita, mas morreu pouco depois.

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Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.
Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.
Jornalista formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Na Itatiaia desde 2008, é “cria” da rádio, onde começou como estagiário. É especialista na cobertura de jornalismo policial e também assuntos factuais. Também participou de coberturas especiais em BH, Minas Gerais e outros estados. Além de repórter, é também apresentador do programa Itatiaia Patrulha na ausência do titular e amigo, Renato Rios Neto.