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Morte de gari: assassino confesso, Renê Júnior define quem será seu advogado

Após três trocas de advogado em duas semanas, Justiça determinou que autor do crime tomasse uma decisão definitiva

Renê Júnior antes, durante e depois de sua prisão pelo assassinato do gari Laudemir Fernandes, que estava trabalhando no momento do crime

Assassino confesso do gari Laudemir de Souza Fernandes, 44 anos, morto no último dia 11, Renê da Silva Nogueira Júnior, 47, definiu quem será seu advogado no decorrer do caso. Bruno Silva Rodrigues, que é do Rio de Janeiro, substituirá o mineiro Dracon Cavalcante, que havia assumido a defesa no início da última semana, quando os primeiros advogados do autor deixaram a causa.

Foi preciso que a juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza, do Tribunal do Júri - 1ª Sumariante da Comarca de Belo Horizonte, determinasse que Renê definisse, de vez, seu representante no inquérito policial.

Segundo ela, as constantes mudanças de defesa estariam causando “tumulto processual”. Lopes de Souza então decretou que esse procedimento seja feito presencialmente, o que aconteceu nesta quinta-feira (28).

A juíza mandou um oficial de justiça ao Presídio de Caeté, onde Renê Júnior está preso, e lá o homem decidiu que Bruno Silva Rodrigues — a quem Renê se refere como “Dr. Bruno Rodrigo” — seguiria à frente do caso, confirmando, assim, a terceira troca de advogados em menos de 20 dias após o crime.

Renê, inclusive, escreveu a próprio punho no mandado: “Meu advogado é o Dr. Bruno Rodrigo”.

A Itatiaia teve acesso ao documento. Veja:

Declaração escrita a próprio punho por Renê Júnior apontando o Dr. Bruno Silva Rodrigues como seu advogado

Renê havia desistido de troca

Na segunda-feira (25), Renê Júnior escreveu uma carta de próprio punho voltando atrás na decisão de trocar de advogado. A Itatiaia teve acesso ao documento.

No mesmo dia, a Justiça havia recebido procuração que nomeava Bruno Silva Rodrigues como defensor de Renê.

Rodrigues, que é do Rio de Janeiro, substituiria Dracon Cavalcante, que havia assumido a defesa na última semana, quando os primeiros advogados de Nogueira Júnior deixaram o caso.

Em contato com a Itatiaia, Dracon Cavalcante se disse surpreso com a mudança e que isso o fez ir até o Presídio de Caeté para confrontar Renê sobre o assunto. Chegando lá, o homem teria voltado atrás e dito que sua ideia era que Dracon e Bruno trabalhassem juntos em sua defesa.

Em contato com a Itatiaia, Dracon Cavalcante se disse surpreso com a mudança e que isso o fez ir até o Presídio de Caeté para confrontar Renê sobre o assunto. Chegando lá, o homem teria voltado atrás e dito que sua ideia era que Dracon e Bruno trabalhassem juntos em sua defesa.

O advogado então pediu para que Nogueira Júnior escrevesse uma carta de próprio punho manifestando o interesse de continuar sendo defendido por ele.

A carta de Renê Júnior

Veja, na íntegra, o que Renê escreveu e, abaixo, confira uma foto da carta:

“Eu, Renê da Silva Nogueira Júnior, tinha dado autorização para o Dr. Dracon via procuração para me defender no meu nome. Gostaria de reforçar que acredito no trabalho do mesmo e reforço a necessidade que meus advogados trabalhem em parceria. O que aconteceu foi um acidente com a vítima e me sinto bem representado tanto pelo Dr. Dracon como pelo Dr. Bruno Rodrigues. Tenho certeza que resolveremos esse mal entendido. Pedi ao mesmo para não sair do meu caso. Que Deus abençoe.

Assinado: Renê da Silva Nogueira Júnior
25 de agosto de 2025”.

Ex-advogado de Renê Júnior não garantiu que seguiria no caso

Em entrevista à Itatiaia, Dracon Cavalcante contou como procedeu após ser descontituído da defesa de Renê Júnior.

“Eu fui surpreendido hoje, na hora que eu abri os processos, às 9h da manhã, no escritório, e vi que eu tinha sido tirado, desconstituído, do processo do Renê. De imediato, eu peguei meu carro e fui até a cidade de Caeté, conversar com o Renê. Ele falou para mim que, como ele é carioca, e o outro advogado, o Bruno Rodrigues, também é, ele resolveu assinar a procuração, mas não me destituindo. Ele pediu para esse Bruno, esse advogado, entrar em contato comigo para a gente trabalhar junto”, relatou Dracon.

Segundo o advogado, ele pediu para que Renê, então, escrevesse a carta.

“Eu pedi ao Renê para colocar isso no papel para mim. Ele colocou e eu vou juntar essa carta agora no processo. Ele vai se encontrar com esse advogado nessa semana, vão decidir se eu vou ficar ou se não vou”, continuou.

‘Não prometo nada que não possa cumprir’

Porém, ainda que Renê e Bruno Rodrigues decidam pela permanência de Dracon no caso, o defensor não sabe se aceitará.

“O Renê, segundo ele, quer que eu continue, e eu vou decidir se eu vou aceitar ou não. Porque aqui não é Rio de Janeiro, aqui é Belo Horizonte, Minas Gerais. Aqui a gente é companheiro, todo mundo aqui é bem tranquilo. Se tiver de fazer alguma coisa aqui, vai ser assim. Eu não preciso oferecer nada para o meu cliente que eu não possa fazer.

Eu ofereci para ele trabalhar no processo, para ele ter a pena que tiver de ter, entendeu? E eu não prometo nada que eu não possa cumprir. Espero que eles resolvam lá. Ao me convidarem novamente, vou analisar se vou entrar ou não”, finalizou ele.

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Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.