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De olho em 2026, Ciro sinaliza aproximação com aliados de Bolsonaro no Ceará

O ex-ministro se reuniu com a oposição do governador Elmano de Freitas (PT) na Assembleia Legislativa e recebeu elogios do deputado federal André Fernandes (PL)

O senador Cid Gomes (PSB) disse para a rádio A Voz que uma candidatura de Ciro ao governo do Ceará seria “constrangedor”

A pouco mais de um ano das eleições de 2026, o futuro político de Ciro Gomes (PDT) ainda é incerto, embora ele seja cotado para disputar o governo do Ceará e, talvez, até a presidência da República. De ex-ministro no primeiro mandato do presidente Lula (PT) a crítico ferrenho de governos petistas, Ciro se reuniu recentemente com deputados de oposição ao governador Elmano de Freitas (PT) na Assembleia Legislativa e tem recebido elogios de políticos alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Cenário para 2026

Em 2022, após a quarta derrota em eleições presidenciais, Ciro chegou a dizer que iria abandonar a política. Sem cargos públicos desde então, ele se dedicou em fazer palestras, além de publicar uma newsletter semanal com análises políticas e econômicas.

Embora não tenha oficializado a intenção de concorrer no próximo pleito, as movimentações recentes do ex-ministro indicam uma cerca coligação de oposição em 2026.

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Reunião com deputados da direita

No início do mês de maio, Ciro participou de um café da manhã com parlamentares de oposição na Assembleia Legislativa do Ceará (ALECE).

Neste encontro, o ex-ministro chegou a sinalizar apoio a uma eventual candidatura do deputado estadual Alcides Fernandes (PL) — pai do deputado federal, André Fernandes (PL) — ao Senado.

Em coletiva de imprensa após a reunião com os parlamentares, Ciro chegou a citar o nome de Roberto Cláudio (PDT) como pré-candidato ao governo do Ceará e disse que Alcides Fernandes teria “todos os dotes, todas as qualificações” para ser senador.

Em resposta, Alcides disse que ficou “lisonjeado” com o elogio, chamou Ciro de “um dos melhores governadores do Ceará" e afirmou que o ex-ministro está “vindo somar” na batalha.

Elogio de André Fernandes

Outro aliado de Bolsonaro que também elogiou Ciro Gomes foi o deputado e candidato derrotado nas eleições municipais em Fortaleza em 2024, André Fernandes.

Antes crítico do ex-ministro, Fernandes disse que o pedetista é “inteligente” e “corajoso” para enfrentar o governo Elmano.

PDT rompe com governo Lula após demissão de ministro

A bancada do PDT da Câmara dos Deputados deixou a base aliada do governo do presidente Lula após a demissão do ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), em meio a escândalos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Ciro, na época da demissão, saiu em defesa de Lupi e disse que a “responsabilidade política” era do presidente Lula, mas também atribuiu a “culpa” dos desvios a Bolsonaro e ao ex-presidente Michel Temer (MDB).

Presidência

A disputa presidencial ainda não é descartada. O líder do PDT na Câmara, Mário Heringer, disse, em entrevista à Itatiaia, que gostaria de ver o cearense disputando mais uma eleição para presidente representando o partido.

Eu falo de vez em quando com o Ciro, e estou vendo que a afirmação dele de não ser candidato é constante. Mas sinto no coração dele aquele desejo de ser candidato. Ele gosta muito do Brasil, representa uma grande parcela da sociedade que quer ver o Brasil diferente, despolarizado”.
— disse para a Itatiaia.

Em 2022, Ciro amargou em quarto lugar com sua pior votação em campanha presidencial. Foram apenas 3,05% dos votos, deixando o ex-ministro atrás de Lula, Bolsonaro e Simone Tebet (MDB).

Após a derrota, o PDT apoiou Lula no segundo turno.

Uma eventual candidatura de Ciro à presidência é apoiada pelo irmão, senador Cid Gomes (PSB), apesar dos dois estarem rompidos politicamente. Ele, no entanto, em entrevista à rádio A Voz, de Sobral, afirmou que seria “uma situação absurdamente constrangedora” ver Ciro disputando o governo estadual do Ceará.

Tenho absolutamente afinidade com ele na questão nacional, mas, na estadual, discordo profundamente do rumo que tem tomado, de se aliar com o que tem de mais atrasado na política no Ceará. O fim não justifica os meios
— disse em entrevista a rádio A Voz.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.