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‘Dificilmente volto a disputar uma eleição’, diz Ciro Gomes

Quatro vezes candidato à Presidência da República, político do PDT teceu críticas a Lula e afirmou que petista ‘perdeu o pulso’

O pedetista Ciro Gomes

Candidato à Presidência da República por quatro vezes, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disse que “dificilmente” voltará a disputar uma eleição. Em entrevista ao jornalista Mário Sergio Conti, da GloboNews, entre o fim da noite de sexta-feira (29) e a madrugada deste sábado (30), o pedetista afirmou estar “perdendo a crença” na democracia eleitoral.

Ao relembrar o resultado obtido na eleição de 2022, em que ficou na quarta colocação na corrida ao Palácio do Planalto, com cerca de 3% dos votos válidos, Ciro afirmou ter se sentido “sozinho”.

“Dificilmente eu volto a disputar uma eleição. É muito difícil”, projetou. “Eu fui desistido. Não é bem ‘eu desisti’. Quando saí de uma eleição difícil (em 2018), quase impossível, com 12%, eu achava que não tinha direito de desertar da expressão daquilo. Doze por cento das pessoas me davam a responsabilidade de eu dizer ‘(o país) deveria ser assim ou assado’. Quando aconteceu aquilo, do jeito que foi… não foi só 3%, mas a forma como foi. De repente, me senti asfixiado por quem lutei a vida inteira”, completou, citando revezes judiciais que sofreu por fazer críticas a adversários.

Antes de disputar os dois últimos pleitos presidenciais pelo PDT, Ciro concorreu ao Palácio do Planalto em 1998 e 2002 pelo PPS, hoje chamado de Cidadania.

Críticas a Lula

A Mario Sergio Conti, o pedetista apontou falhas no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora tenha relatado “alívio” em relação à gestão do antecessor, Jair Bolsonaro (PL), Ciro afirmou que o petista “perdeu o pulso”.

“Como qualquer brasileiro, consigo sentir renovado um alívio em relação ao que tínhamos. Mas, se ficarmos amarrados a essa referência trágica do passado, não vamos perceber corretamente o tamanho do problema que o Brasil tem por resolver. Essa é minha grande frustração — que, para mim, não é surpresa, lamento muito dizer, porque Lula perdeu o pulso faz tempo”, iniciou, ao comentar o atual governo.

“Quando ele assina a Carta aos Brasileiros, abre mão de qualquer, mesmo empírica, de qualquer formulação ou mudança mais profunda, e acredita que vai dourar a pílula da perversão econômica brasileira, de nossa tragédia social e nacional, como país decadente, do ponto de vista dos padrões de superação da nossa deseducação, da saúde, do comportamento tecnológico”, completou, citando problemas de segurança pública nas grandes cidades e lacunas na preservação dos biomas brasileiros.

Ciro ainda teceu críticas a pontos da política econômica de Lula e protestou contra a manutenção de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central.

“Evidentemente que é muito melhor criticar um governo como o de Lula do que criticar um governo como o de Bolsonaro, mas vamos ficar amarrados nessa âncora mortal? Para mim, não. Em vez de comparar as coisas com o passado, comparo com a promessa que foi feita — e está muito longe de ser atendida — e comparo com as condições objetivas de fazer diferente — e sei que podia ser”, considerou.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.