‘Brasil não pode mais flertar com tentativas de golpe’, diz Moraes

A Primeira Turma do STF decidiu, por unanimidade, condenar cinco réus e absolveu um do núcleo dois da trama golpista

Alexandre de Moraes, ministro do STF.

Relator da ação penal, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou, durante o fim do julgamento do núcleo dois da trama golpista, nesta terça-feira (16), que o “Brasil não pode mais flertar com tentativas de golpe”. A Primeira Turma da Corte decidiu, por unanimidade, condenar cinco réus e absolveu um.

“O Brasil não pode mais admitir, sejam políticos, civis, militares, agentes públicos que pretendam encerrar a fase democrática que começamos e depois de longos anos, mais de duas décadas de regime militar. Aqui é importante não só a reprovabilidade, mas a prevenção. Não podemos mais, o Brasil por meio do seu poder judiciário hoje encerrando o quarto núcleo dos réus principais”, pontuou o ministro.

Em discurso emocionado, Moraes ainda disse que a reprovabilidade do crime e a fixação da pena para prevenir deve “deixar bem claro” que não é mais possível que “se tome de assalto o Estado, Ministério da Justiça, Defesa, GSI, Abin, PRF” para que um determinado grupo, “que se transformou em uma verdadeira organização criminosa”, queira se manter no poder eternamente.

“Não é possível mais discursos atenuantes em penas aplicadas depois do devido processo legal e da ampla possibilidade de defesa porque isso seria um recado à sociedade de que o Brasil tolera, ou tolerará novos flertes contra a democracia”, finalizou o ministro.

Condenados

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira (16) por unanimidade condenar cinco dos seis réus que integram o núcleo 2 do processo que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino seguiram integralmente o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, para absolver o réu Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça.

Segundo Moraes, há dúvida razoável quanto à participação de Oliveira na trama golpista, o que levou à absolvição por insuficiência de provas.

O núcleo 2 é composto por seis réus, entre eles ex-assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-integrantes do Ministério da Justiça, militares e o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal.

Em relação a Marília de Alencar, ex-subsecretária do Ministério da Justiça, os ministros entenderam que não houve provas suficientes de participação direta nos atos de 8 de janeiro.

Por esse motivo, votaram para condená-la apenas pelos crimes de organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Quem são os réus:

  • Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência;
  • Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro;
  • Mário Fernandes, general e ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência;
  • Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF);
  • Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça;
  • Marília de Alencar, ex-subsecretária do Ministério da Justiça.
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Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.
Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.

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