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Resumão da política: Lula clama por candidatura de Pacheco ao governo de Minas, Bolsonaro depõe no STF e Damião passa noite em Bunker em Israel

A Itatiaia traz um resumo do que aconteceu na agitada semana política em Belo Horizonte, Minas Gerais e no Brasil

Itatiaia elenca os principais fatos da política mineira e nacional

Em Minas Gerais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pede que o senador Rodrigo Pacheco (PSD) se candidate ao governo em 2026, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) depõe no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suspeita de tentativa de golpe de estado e a CPI das Bets termina sem indiciamentos contra influenciadores.

Ainda, Álvaro Damião passa a noite em bunker em Israel após bombardeios do Irã, governo de Minas quer dispensar licenciamento ambiental para propriedades rurais com até 1 mil hectares e prazos do Propag preocupam a gestão de Romeu Zema (Novo).

A Itatiaia traz um resumo do que aconteceu na agitada semana política em Belo Horizonte, Minas Gerais e no Brasil.

Álvaro Damião em Bunker

O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), disse nesta sexta-feira (13), em entrevista exclusiva à Itatiaia, não saber quando vai poder retornar ao Brasil. Damião passou a noite em um bunker, após o Irã bombardear Israel. O prefeito destacou que a situação hoje é melhor em relação ao cenário dessa quinta (12).

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“A gente está hospedado em uma universidade aqui de Israel. Ficamos a 20 km aproximadamente de Tel Aviv e a 50 km de Jerusalém. Impressionante que tá tudo acontecendo e quem tá aqui não percebe. Essa é a verdade. Se ninguém tivesse falando pra gente que tá tendo uma guerra entre Israel e Irã, a gente não saberia. Tomara que seja assim até o final e que a gente possa sair daqui o mais rápido possível. A informação que chegou agora é que a gente só vai poder sair depois de três dias, uma vez que o espaço aéreo será aberto”, disse Damião.

“Dependemos do governo israelense e do governo brasileiro também, porque estamos aqui a convite de Israel, passagens compradas pelo governo de Israel e a passagem tava comprada para sexta-feira ( 20) da outra semana. Obviamente, a partir de agora, toda a programação que a gente cai por terra, e a gente volta na primeira oportunidade que tiver. O problema é saber quando”, ressaltou

Mauro Cid preso

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi ouvido pela Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (13).

O depoimento acontece após Cid ter a prisão revogada no âmbito da investigação que mira o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que teria atuado para obter a expedição de um passaporte português para Cid.

Mauro Cid chegou a ser preso na manhã desta sexta-feira pela PF. No entanto, logo depois, a prisão foi revogada. Mais cedo, policiais federais prenderam Gilson Machado em Recife (PE).

Nesta semana, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito contra Gilson Machado. Ele é suspeito de tentar atrapalhar as investigações, além de favorecer interesses pessoais.

O pedido tem como base um relatório da Polícia Federal, que aponta que Machado teria atuado, no dia 12 de maio, para tentar conseguir um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid. A solicitação foi feita junto ao consulado de Portugal em Recife (PE) e, segundo os investigadores, o objetivo era possibilitar a saída de Cid do Brasil.

Outro ponto que chamou a atenção da PF foi o uso do perfil de Machado no Instagram para promover uma campanha de arrecadação financeira supostamente destinada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

No documento enviado ao STF, Gonet afirma que, embora Machado não tenha conseguido emitir o passaporte para Cid, ainda existe a preocupação de que ele tente recorrer a outras representações diplomáticas — como embaixadas e consulados de outros países — para atingir esse mesmo objetivo.

Diante dos indícios, a Procuradoria-Geral da República considera que Machado pode estar tentando dificultar o andamento do processo que apura uma tentativa de golpe de Estado. Por isso, além da abertura do inquérito, Gonet pediu ao ministro Alexandre de Moraes a autorização para que sejam realizadas buscas e apreensões como parte das medidas investigativas.

Pacheco governador?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou o senador Rodrigo Pacheco (PSD) de “futuro governador de Minas Gerais” durante evento nessa quinta-feira (12) para anunciar as ações do Acordo de Mariana. Ministros do governo federal também entoaram a intenção de que o senador mineiro concorra à cadeira no Palácio Tiradentes.

Pacheco, por sua vez, fez um longo discurso em tom eleitoral, mas sem se declarar candidato ao governo de Minas. Em sua fala, o senador se colocou como um político moderado e antagonizou com o governador Romeu Zema (Novo).

O ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco

Mesmo sem citar o nome do chefe do Executivo mineiro, o ex-presidente do Congresso Nacional instou uma política feita fora das “lacrações” de rede social e pediu uma reconstrução do estado. A declaração aconteceu em em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, durante agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Minas Gerais, que também visitou Mariana durante a manhã.

Aos gritos de “Pacheco, governador”, o senador afirmou que vivemos em tempos difíceis, fomentados pelas “redes sociais absolutamente sem limites”, e de uma liberdade de expressão que “de tão sem limite, se torna irresponsável”.

Frente a isso, o parlamentar disse querer invocar a tradição política mineira: “um estado que ao Brasil Tiradentes, Tancredo Neves, Juscelino Kubitschek, Itamar Franco e tantos outros é um estado que tem uma tradição política própria do diálogo”, afirmou.

Bolsonaro no STF

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento nessa terça-feira (10) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ação que investiga uma suposta tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro era líder de uma suposta trama que pretendia impedir a posse do petista.

Bolsonaro admitiu encontros com integrantes das Forças Armadas após o resultado da eleição, mas negou que tratassem de golpe. Segundo ele, buscavam hipóteses “dentro das regras democráticas”. “Tratamos de GLO, dos caminhoneiros em Belém, sobre o que poderia acontecer com a multidão em frente aos quartéis. Falou-se em possibilidades dentro da Constituição, jamais saindo das 4 linhas”, disse.

Bolsonaro conversa com seu advogado, Celso Sanchez Vilardi, durante julgamento no STF

O ex-presidente também negou ter editado o documento encontrado pela polícia com o ex-ministro Anderson Torres. A minuta previa a intervenção no TSE e a prisão de autoridades como Lula e ministros do STF.

Bolsonaro reiterou críticas ao sistema eletrônico de votação e defendeu o voto impresso. “Se eu exagerei na retórica, devo ter exagerado, com certeza. Mas o meu objetivo sempre foi mais uma camada de proteção para as eleições”, declarou.

Bolsonaro negou articulação de ruptura institucional e disse que não havia apoio suficiente para uma tentativa de golpe. “Não tinha clima, não tinha base minimamente sólida para fazer”, explicou.

Por fim, o ex-presidente pediu desculpas a Moraes por ter sugerido, no passado, que ministros do STF teriam recebido propina durante o processo eleitoral. “Não tem indício nenhum, senhor ministro. Tanto é que era uma reunião para não ser gravada. Um desabafo, uma retórica que eu usei. Se fossem outros três ocupando, teria falado a mesma coisa. Então, me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta os senhores três”, concluiu.

Zema não se arrepende de declarações polêmicas

O governador Romeu Zema reafirmou, em entrevista exclusiva à Itatiaia, as declarações polêmicas que deu ao longo das últimas semanas sobre ditadura militar e pessoas em situação de rua. Em entrevista à Jovem Pan, Zema comparou pessoas em situação de rua a carros estacionados de forma irregular que precisam ser “guinchados”. Já em entrevista à Folha de São Paulo, o governador mineiro defendeu a anistia para os presos do 8 de janeiro e afirmou que o regime que comandou o país entre 1964 e 1985, é uma “questão de interpretação”. Zema não quis classificar nem como ditadura e nem como revolução (forma como defensores do regime costumam chamar).

“A minha posição é que foi um regime militar forte. Então, houve excesso de ambas as partes. E eu reforço aqui que eu sou contra qualquer tipo de regime autoritário. Sou contra, eu sou um democrata e sou a favor da democracia”, disse Zema.

Sobre a população de rua, o governador mineiro também disse que não se arrepende da declaração. “E isso está virando um estilo de vida. Parece que no Brasil o que é errado está crescendo, né? A criminalidade está crescendo, os criminosos tendo uma idolatria por parte dos jovens, morador de rua virou esse estilo de vida, né? Parece que alguém... Ah, eu vou morar aqui, vou me apropriar dessa calçada, desse canto. Só que é lugar público”, disse Zema.

Zema defendeu uma lei que proíba pessoas de dormirem na rua. “Nós temos hoje, na maioria das prefeituras do Brasil, albergues locais para essas pessoas irem dormir com mais conforto, com mais segurança, tomarem banho. E, na minha opinião, deveríamos ter sim uma lei que falasse que é proibido dormir na rua, desde que haja um lugar para onde você possa colocar essa pessoa”, argumentou.

Zema anuncia extinção de licenciamento ambiental para o agro

O governo Zema anunciou, na noite de terça-feira, que vai extinguir o licenciamento ambiental para propriedades rurais de até 1.000 hectares para prática da pecuária extensiva ou cultivos de lavoura de soja, milho e café em Minas Gerais. O anúncio foi feito pela secretária de Meio Ambiente, Marilia Melo, na Megaleite, no Parque da Gameleira, na região Oeste de Belo Horizonte.

A alteração é uma drástica mudança na política ambiental do estado. Antes, a isenção do licenciamento ocorria para propriedades com até 200 hectares. “Isso significa oportunidade de regularização ambiental aos produtores rurais que prestam um importante serviço ambiental para a sociedade. Nosso agricultor, em Minas, é sustentável”, destacou a secretária.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema

O governador Romeu Zema (Novo), afirma que há “um certo exagero nas regras” ambientais e disse que há o que melhorar no setor ambiental. “Temos que conciliar desenvolvimento humano com preservação ambiental. E isso é totalmente possível, factível”, pontuou.

Confusão entre Nikolas e Haddad

Após a audiência pública das Comissões de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados que recebia o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), na quarta-feira (11) ser encerrada por uma discussão envolvendo, além do ministro, os deputados federais Rogério Correia (PT), que presidia a reunião, e Nikolas Ferreira (PL), o s parlamentares mineiros seguem trocando acusações pelas redes sociais.

A postagem de Nikolas chama o ministro de ‘fujão’, repetindo o adjetivo que o próprio ministro tinha usado contra ele durante a sessão. “Haddad me chamou de fujão, mas a cadeira que está vazia não é a minha. Basicamente veio me chamar de moleque, atitude de molecagem, falou que eu fugi do debate porque não estava aqui. Eu voltei, fiz uma questão de ordem. O presidente da Comissão, que era do PT, não deixou eu fazer essa questão de ordem porque eu ia responder ao ministro Haddad”, postou.

Mais cedo, Fernando Haddad afirmou que a bancada bolsonarista, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fogem do debate. “Não querem ouvir a explicação, não querem dar a chance do diálogo”, disse.

Rogério Correia, por sua vez, disse, pelas redes sociais, que a audiência foi encerrada porque cumpriu seu objetivo, que era confirmar, junto ao ministro, que o governo federal editaria a medida provisória que, segundo ele, vai ‘apertar os que estão na cobertura’, em alusão ao projeto de lei que altera as regras do Imposto de Renda. Para o deputado do PT, os opositores perderam no argumento e apelaram para o que chamou de ‘baderna’.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG)

“O ministro Haddad colocou isso com muita clareza. Agora, aqueles que protegem os mais ricos, os bolsonaristas estão no meio disso, não gostam de escutar. Como o argumento deles é fraco é melhor a baderna. O Nikolas, por exemplo, é o baderneiro mor. Fala, vai embora, volta, faz bagunça e vai. Foi isso que acabou dando confusão. O ministro já tinha explicado tudo e eles não queriam ouvir mais ficou já esclarecido, acho que a reunião foi de bom tamanho, apesar da baderna”, disse.

A confusão começou quando Nikolas, ao lado do deputado federal Carlos Jordi (PL-RJ), fez duras críticas ao governo Lula (PT) no encontro, chamando a administração de incompetente. Antes da resposta de Haddad, os dois deputados se retiraram da sala, uma vez que, segundo eles, outras comissões aconteciam simultaneamente e eles precisavam acompanhá-las.

Haddad não gostou da atitude e disse que os dois fugiram do debate. “Eu não consigo debater. Aparecem dois deputados, fazem as perguntas e saem. É só para aparecer. O Bolsonaro também fugiu dos debates comigo em 2018. Não querem ouvir a explicação, não querem dar a chance do diálogo. É um pouco de molecagem”.

Jordi, então, retornou à comissão para rebater as declarações do ministro. “Não venha querer cantar de galo na Câmara dos Deputados, porque o senhor é ministro mas eu sou deputado. Respeite o parlamento. Moleque é você”.

Depois, Nikolas Ferreira também retornou à audiência e apresentou uma questão de ordem - uma prerrogativa usada nas reuniões para tirar uma dúvida sobre a interpretação ou aplicação de um regimento interno ou de um código de conduta durante um processo legislativo ou um julgamento. Rogério, que presidia a audiência, questionou qual seria a questão de ordem, e o bate-boca entre os parlamentares teve início.

Em meio às argumentações de outros deputados, além de Nikolas Ferreira, Correia acatou o pedido, mas a confusão continuou.

Por fim, o presidente optou por suspender a sessão. “Não posso pedir à segurança para retirar os deputados baderneiros. Vou ter que encerrar a sessão para que os baderneiros não fiquem fazendo baderna na reunião. Não são membros da Comissão”, finalizou o deputado.

CPI das Bets rejeita indiciamentos

A CPI das Bets rejeitou nessa quinta-feira (12) um relatório final que previa o indiciamento de influenciadores digitais que têm relação com a divulgação de casas de apostas. Entre eles, estão Virginia Fonseca e Deolane Bezerra.

O parecer da senadora Soraya Thronicke, que recomendava o indiciamento de 16 pessoas, foi rejeitado por 4 votos a 3. Com isso, chegou ao fim a comissão de inquérito que investigava irregularidades no setor de Bets.

Senador Cleitinho Azevedo pediu desculpas por vídeo gravado com Virgínia Fonseca durante CPI

Soraya Thronicke informou que vai encaminhar as conclusões às autoridades competentes, como Ministério Público, Polícia Federal e Ministério da Fazenda.

“Farei a entrega do relatório e de toda documentação, que nós colacionamos, para as autoridades competentes para continuarem na investigação, indiciarem e depois apresentar para o Judiciário”, afirmou a senadora à imprensa.

“Todos os brasileiros saberão que não terminou e não terminará em pizza. Eu não sou a pizzaiola”, disse

Prazos para aderir ao Propag preocupam governo de Minas

O vice- governador Mateus Simões (Novo) afirmou nesta sexta-feira (13), após a primeira reunião do Comitê Gestor do Propag, que enviou ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofícios pedindo uma formalização sobre o interesse da União em federalizar estatais mineiras.

O grupo foi criado para negociar os termos da adesão de Minas Gerais ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas, o Propag. A adesão ao programa foi aprovada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na semana passada, mas vários pontos ainda permanecem indefinidos.

“Entre quarta-feira e quinta-feira, enviei ofícios à Secretaria do Tesouro Nacional pedindo para que o governo federal se manifeste formalmente sobre seu interesse em federalizar cada um dos nossos ativos. Pedi que a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) fosse ouvida sobre a Empresa Mineira de Comunicação (EMC), a importância das antenas para ela. Mandei um ofício sobre a Codemig, perguntando se a União aceitaria uma participação minoritária. Também perguntamos se ela aceitaria uma participação majoritária, com a gente participando majoritariamente”, afirmou Simões.

Vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões

O vice-governador afirmou que existe uma grande preocupação sobre o período em que o BNDES levará para avaliar o valor das estatais mineiras. Segundo Simões, como as avaliações devem ficar prontas apenas em meados de 2026, será preciso que mais ativos sejam incluídos na negociação. Dessa forma, o governo estadual garantiria que o valor de 20% para abater na dívida seja alcançado.

A dívida atual de Minas com a União é de R$ 165 bilhões. Para aderir ao Propag em melhores condições, o governo Zema quer amortecer 20% da dívida, o que representaria R$ 34 bilhões.

“Permanece nossa preocupação. Fizemos as reuniões com a Secretaria do Tesouro e do BNDES Foi confirmado que não haverá avaliação das empresas pela União antes do meio do ano que vem. Então nós vamos ter de oferecer as empresas sem saber o valor das empresas. Isso significa que o Estado precisa oferecer mais ativos do que o mínimo de R$ 34 bilhões que seriam necessários. Porque esses ativos sofrerão cortes. Reforço então a importância de que a ALMG vote os projetos para que tenhamos espaço para manobra”, explicou Simões.

O prazo para que Minas faça a adesão ao Propag é 31 de dezembro de 2025.

Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.