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Pedágios na Grande BH: concessão do Vetor Norte está parada há mais de dois meses

Proposta está suspensa após determinação do TCE-MG; governo e deputados aguardam data de conciliação para seguir análise do texto

Rodovia do Vetor Norte.

Está parado há mais de dois meses o projeto de lei, de autoria do governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) que prevê a concessão das rodovias estaduais do Vetor Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O texto, que prevê a instalação de 12 pedágios no trecho, está suspenso por decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG).

A Itatiaia apurou que não há previsão de o projeto avançar. Isso porque o TCE-MG determinou a formação de uma mesa de conciliação com integrantes do governo estadual e da oposição a Zema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A resposta dos deputados foi formalizada em um ofício encaminhado no dia 9 de agosto e, desde então, nada avançou.

Pessoas de todas as frentes consultadas pela reportagem disseram não ter novidades sobre o tema. Representantes de opositores, por exemplo, disseram que não existe “nada no horizonte”, enquanto o governo de Minas afirmou que “aguarda a definição da data da mesa de conciliação pelo TCE-MG”. O Tribunal de Contas estadual também não deu previsão de data.

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Projeto polêmico

O projeto do governo estadual prevê a instalação de 12 praças de pedágio em 124 quilômetros de rodovia no estilo “free flow” (livre passagem), um sistema de pedágio eletrônico que não possui cabines e cancelas - em vez disso, o pagamento é feito automaticamente por meio de pórticos com câmeras e sensores que identificam a placa do veículo ou a tag de pedágio, permitindo que o tráfego continue fluindo sem paradas.

O governo de Minas afirma que o texto prevê investimentos de mais de R$ 5 bilhões para a infraestrutura da região metropolitana de Belo Horizonte, com obras de ampliação de capacidade, como duplicações e construção de contornos rodoviários já em pista dupla. Algumas das principais intervenções incluem:

  • Duplicação integral da MG-424
  • Implantação de terceiras faixas na MG-10
  • Construção dos contornos de Matozinhos, Prudente de Morais e Lagoa Santa

Desde o início de sua tramitação, o projeto encontra resistência entre os deputados da oposição na Assembleia. Os parlamentares argumentam, por exemplo, que a proposta prejudica trabalhadores da Grande BH que circulam diariamente pelo Vetor Norte e causa prejuízos a profissionais como motoristas de aplicativo. Eles também dizem que a proposta foi articulada pelo governo sem a devida realização de audiências públicas e consultas populares.

Suspenso pelo TCE

Os questionamentos dos opositores levaram à suspensão da tramitação do projeto pelo Tribunal de Contas do Estado, que identificou irregularidades no processo.

A decisão, do conselheiro Agostinho Patrus, apontou três pontos críticos para a decisão: audiências públicas mal divulgadas e realizadas apenas presencialmente, tarifas consideradas excessivas para os usuários e alterações no edital feitas de última hora, sem a devida justificativa técnica.

O TCE-MG criticou ainda a falta de equilíbrio entre o retorno financeiro ao investidor e a acessibilidade tarifária para a população, sobretudo a de baixa renda.

O governo de Minas chegou a acionar o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) para reverter a decisão, mas o recurso foi rejeitado. O executivo, então, solicitou ao TCE-MG a abertura de uma Mesa de Conciliação no processo que trata da licitação da empresa que será responsável por operar o pedágio.

O que diz o projeto atual?

O projeto de concessão de rodovias do Vetor Norte prevê a instalação de 12 pórticos de pedágio ao longo de cerca de 124 quilômetros de rodovias que passam por 12 cidades da região. A concessão, se aprovada, irá afetar trechos como o caminho para o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, e para a Serra do Cipó, em Santana do Riacho.

Durante sua tramitação, o projeto passou por mudanças, entre elas a isenção de tarifa a partir da segunda passagem para veículos que utilizarem o mesmo pórtico - no mesmo sentido e no mesmo dia, o aumento do Desconto de Usuário Frequente (DUF) e a implantação de um mês de “marcha branca”, período em que os pórticos funcionarão sem cobrança para adaptação dos motoristas.

O novo edital também prevê melhorias estruturais, como a instalação de iluminação pública na MG-424, a construção de 31 viadutos e pontes, 23 passarelas e 26 pontos de ônibus, além de três contornos viários em pista dupla nas cidades de Lagoa Santa, Prudente de Morais e Matozinhos.

Quanto os pedágios podem custar?

Os valores para os pedágios no Vetor Norte de Belo Horizonte ainda não estão definidos, mas a previsão é que o projeto preveja tarifas com base na distância percorrida e descontos progressivos para usuários frequentes. Um estimativa foi divulgada em março em uma audiência da Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Confira:

Tabela com os valores do pedágio e dos descontos para usuários frequentes do Vetor Norte de BH

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.