Privatização da Copasa: análise de parecer favorável fica para esta 6ª na ALMG

Texto, distribuído em comissão na manhã desta quinta, seria analisado à tarde, mas discussão foi adiada; se aprovado, venda pode ser votada na próxima semana

Privatização da Copasa é discutida na ALMG

Está marcada para às 10h45 desta sexta-feira (05) a reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que irá discutir o parecer do relator, deputado Zé Guilherme (PP), favorável ao projeto de privatização da Copasa. O texto seria analisado nesta quinta-feira (04), mas a reunião, marcada para a parte da tarde após a distribuição do relatório pela manhã, foi adiada.

Se for aprovado pela comissão, o projeto de lei do governo Romeu Zema (Novo) ficará pronto para votação em segundo turno. A proposta passou pelo primeiro turno na terça-feira (02), com 50 votos favoráveis e 17 contrários, e a base governista pretende aprovar o relatório já na reunião desta sexta-feira para iniciar o prazo regimental de seis sessões necessárias antes da nova apreciação — prazo que começaria a contar a partir de terça-feira (09), já que segunda-feira (08) será feriado em Belo Horizonte. Considerando que podem ser convocadas até três reuniões por dia, a expectativa é de que o projeto seja votado em definitivo na quinta-feira (11).

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O parecer é favorável ao projeto de autoria do governador Romeu Zema (Novo) na forma do substitutivo nº1. O relator argumenta que a venda da companhia será importante para a universalização do saneamento básico em Minas e para obter recursos necessários para o cumprimento das exigências do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).

O texto mantém acréscimos feitos ao texto durante a tramitação de primeiro turno, como a garantia de uma estabilidade temporária aos servidores da empresa. Após a desestatização, o emprego dos funcionários da Copasa fica assegurado por 18 meses, se o projeto for aprovado neste formato.

Reunião adiada

O parecer do relator favorável ao projeto seria discutido na tarde desta quinta-feira, mas a reunião não chegou nem a ser aberta. Segundo deputados da oposição ao governo Zema, o motivo seria a ação coordenada de obstrução ao projeto de privatização com a apresentação de diversas emendas - aproveitando que o projeto ainda está em discussão - para atrasar sua tramitação.

Esse volume de emendas, aliado às estratégias para impedir o avanço do texto e ao debate sobre a falta de estudos de viabilidade dos blocos regionais, discutido em outros projetos que tramitam na Casa, acabou impedindo que a comissão fosse aberta com a pauta prevista.

Durante a semana, o bloco opositor apresentou uma série de emendas ao projeto. Algumas delas, inclusive, podem inviabilizar a venda da Companhia de Saneamento, uma vez que colocam exigências para empresas interessadas na compra da Copasa.

São elas:

  • Fica proibida a venda para empresas que, durante o ano de 2025, tenham adquirido e/ou vendido mais que 3% das ações ordinárias da empresa;
  • Fica proibida a venda para empresas que detenham concessão de serviço público de fornecimento de água, esgoto e saneamento e que em 31/12/2025 não cumpram 95% do fornecimento de água e 90% de coleta e tratamento de esgoto em suas áreas de concessão;
  • Fica proibida a venda para empresas que tenham endividamento superior ao seu patrimônio ou dívida líquida superior a R$ 10 bilhões;
  • Fica proibida a venda para empresas que tenham em sua direção membros que já integraram a administração da Copasa desde 2024.

Venda da Copasa

A tramitação do PL 4.380/2025 avançou após a aprovação da PEC 24/2023, que retirou a exigência de referendo popular para a privatização da Copasa. A medida reativou a pauta privatista do governo, que já incluía Copasa, Gasmig e Cemig desde o primeiro mandato de Romeu Zema, e ganhou impulso com o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).

Com a possibilidade de usar a privatização ou federalização de ativos para abater a dívida com a União, diversos projetos que estavam parados voltaram a tramitar na Assembleia, incluindo propostas de venda de imóveis do estado.

O Propag permite que os estados refinanciem suas dívidas em 30 anos, reduzindo os juros mediante amortizações e compromissos de investimento.

Para aderir ao programa com um abatimento inicial de 20% do estoque da dívida, o governo mineiro enviou projetos de privatização e federalização de estatais. Caso alcance essa meta, Minas Gerais reduziria a taxa de juros — hoje atrelada ao IPCA mais 4% ao ano — em até três pontos percentuais, desde que reinvista a economia obtida em áreas como segurança pública, ensino profissionalizante e infraestrutura.

Nesse contexto, a venda da Copasa é apresentada pelo Executivo como essencial para viabilizar os recursos necessários logo no primeiro ano de adesão ao Propag.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.

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