Parecer favorável à privatização da Copasa será debatido na tarde desta 5ª na ALMG

Texto foi distribuído em comissão na manhã desta quinta. Se o relatório for aprovado, venda da companhia pode ser votada de forma definitiva na próxima semana

Discussões sobre a venda da Copasa ocupam a pauta dos últimos dois meses na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG)

O Projeto de Lei (PL) 4.380/2025, que prevê a privatização da Copasa, teve seu parecer distribuído em avulso na manhã desta quinta-feira (4) na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) da Assembleia Legislativa (ALMG). Com a medida, outra reunião foi marcada para as 15h20, quando será feita a discussão do relatório. Se o texto for aprovado, a venda da companhia de saneamento já pode ser votada em segundo turno em plenário na próxima semana.

A distribuição do parecer de forma avulsa aos deputados membros da comissão é uma estratégia da base governista para evitar que a oposição peça vista para análise do texto e adie a votação em ao menos 24 horas. A forma como o relator Zé Guilherme (PP) optou para apresentar seu entendimento sobre o projeto exige um intervalo mínimo de seis horas entre as sessões. Portanto, o PL pode ser liberado para o plenário ainda nesta quinta.

O parecer é favorável ao projeto de autoria do governador Romeu Zema (Novo) na forma do substitutivo nº1. O relator argumenta que a venda da companhia será importante para a universalização do saneamento básico em Minas e para obter recursos necessários para o cumprimento das exigências do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).

O texto mantém acréscimos feitos ao texto durante a tramitação de primeiro turno, como a garantia de uma estabilidade temporária aos servidores da empresa. Após a desestatização, o emprego dos funcionários da Copasa fica assegurado por 18 meses, se o projeto for aprovado neste formato.

Novas emendas

A expectativa para a reunião marcada para as 15h20 é de que a oposição use seu tempo regimental para discutir emendas apresentadas ao projeto durante a tramitação de segundo turno. Parlamentares do Bloco Democracia e Luta sugerem quatro adições ao texto de Zema com prerrogativas para empresas interessadas na compra da Copasa.

As emendas determinam o seguinte:

  • Fica proibida a venda para empresas que, durante o ano de 2025, tenham adquirido e/ou vendido mais que 3% das ações ordinárias da empresa;
  • Fica proibida a venda para empresas que detenham concessão de serviço público de fornecimento de água, esgoto e saneamento e que em 31/12/2025 não cumpram 95% do fornecimento de água e 90% de coleta e tratamento de esgoto em suas áreas de concessão;
  • Fica proibida a venda para empresas que tenham endividamento superior ao seu patrimônio ou dívida líquida superior a R$ 10 bilhões;
  • Fica proibida a venda para empresas que tenham em sua direção membros que já integraram a administração da Copasa desde 2024.

Conforme apurado pela Itatiaia, as emendas protocoladas pela oposição não foram bem recebidas pelo bloco governista da Assembleia. A situação acredita que o cumprimento das exigências sugeridas poderia inviabilizar a privatização da Copasa.

A Copasa no Propag

O PL 4.380/2025 teve sua tramitação precedida por uma atribulada discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/2023, também de autoria de Zema, que derrubou a exigência de um referendo popular para autorizar a privatização da Copasa.

A privatização da Copasa, bem como da Gasmig e da Cemig, já integrava a pauta do governo Zema desde o primeiro mandato, mas ganhou novo fôlego com a criação do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Com o projeto permitindo a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União, vários projetos da pauta privatista do Executivo andaram na Assembleia após anos parados, incluindo os imóveis do estado.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido. Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.

Outro ponto percentual pode ser abatido com o compromisso de que a economia obtida com essa redução de juros seja reinvestida no estado. O uso do valor que não será pago em forma de dívida deve, portanto, ser aplicado em ações de segurança pública, ensino profissionalizante, infraestrutura e outras áreas nevrálgicas da estrutura do estado. A venda da Copasa é defendida como forma de obter recursos para fazer tais investimentos no primeiro ano de adesão ao Propag.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

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