Sob promessa de estabilidade temporária, 90% da Copasa têm salário médio de R$ 5 mil

Substitutivo apresentado na Assembleia nesta quinta-feira (13) propõe que trabalhadores sejam mantidos por 18 meses; Sindicato questiona motivação da alteração no texto

Servidores da Copasa participaram de audiência contra a privatização da estatal na ALMG em outubro

Mobilizada há mais de um mês contra as iniciativas de privatização da Copasa na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, os servidores da companhia de saneamento foram citados no parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa sobre o projeto de desestatização. O substitutivo apresentado pelo relator Doorgal Andrada (PRD) apresenta a iniciativa de conceder estabilidade temporária de 18 meses aos trabalhadores da empresa.

O texto, no entanto, não traz mais informações sobre como seria feita a manutenção dos servidores e quem seria o responsável por custear a medida a partir da gestão privada da companhia. Levantamento da Itatiaia a partir da folha salarial da empresa em setembro mostra que a Copasa tem 9.256 funcionários e mais de 90% deles tem um vencimento médio na casa dos R$ 5 mil.

No total, a folha salarial mensal da Copasa em setembro foi de R$ 151 milhões. A folha disponibilizada no Portal da Transparência divide os cargos da empresa em: Direção superior; Gerência; Recrutamento amplo; Nível Superior; Administrativa, Operacional, Técnica Administrativa e Técnica Operacional.

Veja a contagem do quadro de servidores da Copasa:

CATEGORIA

Nº DE PESSOAS

SALÁRIO MÉDIO

VALOR TOTAL

Direção superior

14

R$ 45.221,50

R$ 633.101

Gerência
137
R$ 30.371,04
R$ 4.160.833
Recrutamento amplo
39
R$ 22.030,35
R$ 859.184
Nível Superior
699
R$ 16.929,61
R$ 11.833.799
Administrativa, Operacional, Téc.Administrativa e Téc.Operacional
8.367
R$ 5.346,73
R$ 44.736.103

Sindicato questiona mudança no substitutivo

Para o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos de Minas Gerais (Sindágua-MG), a inclusão da garantia do emprego dos trabalhadores por um ano e meio não se trata de um benefício concedido aos servidores, mas de uma forma de viabilizar o funcionamento da companhia sob comando da iniciativa privada.

À Itatiaia, o presidente do Sindágua, Eduardo Pereira, afirma que a manutenção do corpo técnico da Copasa é necessária para a transferência de conhecimento para a nova gestão da empresa.

“Quem vai comprar a Copasa não é uma empresa de saneamento. Quem vai comprar é um banco e, para fazer dinheiro, eles vão precisar manter o serviço funcionando e quem sabe fazer isso são os funcionários da Copasa. É um oportunismo muito grande dizer que isso é uma estabilidade. Garantia seria manter os funcionários até a aposentadoria”, aponta Pereira.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

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