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Oposição emite nota contra falas de Zema no Rio e alerta para crime organizado em MG

Bloco Democracia e Luta divulgou uma nota em que acusa o governador de usar operação policial realizada no Rio de Janeiro como palanque político

Deputados do bloco de oposição a Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais

O Bloco Democracia e Luta, oposição a Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) emitiu uma nota de repúdio às falas do governador mineiro acerca da operação policial mais letal da história do país realizada no Rio de Janeiro na última terça-feira (28). O grupo de deputados argumenta contra o Executivo Estadual alegando a existência de uma crise nas forças policiais e o avanço de facções do crime organizado no estado.

Zema esteve na comitiva de políticos de direita que se reuniu no Rio de Janeiro na última quinta-feira (30) e classificou a operação que deixou ao menos 120 mortos como a ‘mais bem sucedida da história’. Durante uma entrevista coletiva na capital fluminense, o governador de Minas ainda afirmou que não ouviu falar de nenhum inocente morto. As autoridades do Rio ainda não concluíram a perícia dos cadáveres.

Na nota do bloco de oposição, os deputados afirmam que Zema usa a operação carioca para passar uma imagem de preocupação com a pauta da segurança pública. Os parlamentares argumentam que Minas vive uma ‘das maiores crises’ em suas forças policiais.

“É importante que o país saiba que, ao contrário do discurso, Minas Gerais está na contramão do enfrentamento à violência. O Anuário 2025 de Segurança Pública revela que o estado registrou um aumento de 5% nas mortes violentas entre 2023 e 2024. No mesmo período, o Brasil apresentou uma queda de 5,4%. Minas ocupa o terceiro lugar no ranking de maiores crescimentos percentuais de homicídios dolosos no país, com uma alta de 7,38%, ignorando a tendência nacional de queda, de acordo com o Mapa da Segurança Pública”, afirma o bloco.

Desde a deflagração da operação nos complexos do Alemão e da Penha, territórios dominados pela facção criminosa Comando Vermelho, Romeu Zema já fez mais de uma dezena de publicações em seu perfil no X, antigo Twitter, e deu declarações em apoio à empreitada policial e com críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma das principais reivindicações do governador é que o narcotráfico seja enquadrado como crime de terrorismo no Brasil.

Em resposta, os deputados oposicionistas citam ainda a pauta de protestos das forças de segurança do estado, em pé de guerra com o governo desde o primeiro mandato de Zema. Policiais civis, militares e penais, além dos bombeiros, pleiteiam um reajuste salarial de mais de 40% em seus vencimentos, calculada pela defasagem em relação à inflação acumulada nos últimos dez anos.

“Os policiais civis se uniram à insatisfação dos militares e aprovaram, recentemente, a “estrita legalidade”, em que os agentes farão apenas o mínimo previsto em lei, como um grito de protesto contra a falta de valorização e condições de trabalho. São pouco mais de 10 mil policiais quando deveriam ser 18 mil para fazer investigações nos 853 municípios mineiros. “O crime organizado já está entranhado em Minas, e faltam condições materiais e humanas para atuação. A situação é grave”, declarou o sindicato da Polícia Civil em audiência pública na ALMG, no último dia 13 de outubro”, diz a nota.

- Com críticas ao governo Lula, Zema anuncia viagem ao Rio para prestar solidariedade a Castro

Leia, na íntegra, a nota divulgada pelo Bloco Democracia e Luta:

NOTA À IMPRENSA

Romeu Zema se esconde da realidade e usa o holofote do estado vizinho, comandado por um aliado, para bradar uma falsa imagem de gestor. Ao pegar carona na barbárie, o governador mineiro tenta, ainda, esconder que Minas Gerais vive uma das maiores crises na segurança pública.

É importante que o país saiba que, ao contrário do discurso, Minas Gerais está na contramão do enfrentamento à violência. O Anuário 2025 de Segurança Pública revela que o estado registrou um aumento de 5% nas mortes violentas entre 2023 e 2024. No mesmo período, o Brasil apresentou uma queda de 5,4%. Minas ocupa o terceiro lugar no ranking de maiores crescimentos percentuais de homicídios dolosos no país, com uma alta de 7,38%, ignorando a tendência nacional de queda, de acordo com o Mapa da Segurança Pública.

Os dados revelam uma realidade ainda mais grave: o crescimento da presença e atuação de facções criminosas, como o Comando Vermelho e o PCC, em território mineiro, intensificada nos últimos cinco anos.

Enquanto isso, as forças de segurança de Minas Gerais estão em colapso: as polícias enfrentam um déficit de efetivo crônico, chegando ao absurdo de fazer rodízio de viaturas devido ao racionamento de combustível. A defasagem salarial chega a 44,79%.

Os policiais civis se uniram à insatisfação dos militares e aprovaram, recentemente, a “estrita legalidade”, em que os agentes farão apenas o mínimo previsto em lei, como um grito de protesto contra a falta de valorização e condições de trabalho. São pouco mais de 10 mil policiais quando deveriam ser 18 mil para fazer investigações nos 853 municípios mineiros. “O crime organizado já está entranhado em Minas, e faltam condições materiais e humanas para atuação. A situação é grave”, declarou o sindicato da Polícia Civil em audiência pública na ALMG, no último dia 13 de outubro.

O populismo de Zema em torno da pauta da segurança pública às vésperas da eleição escancara dois únicos movimentos: pegar carona em cima do sangue derramado e jogar para debaixo do tapete a falência e a falta de planejamento e de investimentos para combater o crime organizado no estado para o qual foi eleito e não governa. Enquanto isso, viaja pelo país e engrossa uma farra de quase 400 voos neste mandato, segundo levantamento da imprensa mineira.

BLOCO DEMOCRACIA E LUTA

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.