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Policiais civis adiam definição sobre paralisação das atividades em protesto na ALMG

Baixa adesão à manifestação desta terça-feira levou à os servidores a marcarem um novo ato, que ainda terá data definida

Protesto do Sindpol na Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais realizaram, nesta terça-feira (28), um protesto em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte, para cobrar valorização salarial e melhores condições de trabalho. O ato foi convocado pelo Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol) e ocorreu simultaneamente a uma manifestação dos trabalhadores da Copasa, que protestam contra a PEC 24 — proposta que retira a exigência de consulta popular para privatização da companhia.

Apesar da expectativa de grande mobilização, o número de policiais presentes ficou abaixo do esperado. A assembleia geral da categoria, que ocorreria durante o ato para deliberar sobre uma possível paralisação das atividades, foi suspensa. Um novo protesto será marcado para ampliar a participação dos servidores e definir, em votação, se haverá paralisação.

Enquanto isso, a categoria permanece em “estrita legalidade” - expressão usada para indicar que os policiais devem seguir rigorosamente o que determina a lei, sem assumir funções extras ou realizar atividades que extrapolem suas atribuições.

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O Sindpol afirma que os policiais civis de Minas Gerais acumulam uma perda salarial superior a 44% desde 2015. Segundo o sindicato, os servidores mineiros têm hoje o quarto pior salário do país entre as polícias civis estaduais. Além disso, denunciam falta de estrutura nas delegacias, déficit de efetivo, viaturas sem combustível e problemas crônicos no sistema de tecnologia da instituição.

O presidente do Sindpol, Wemerson Oliveira, detalhou as principais reivindicações e criticou a falta de investimento do governo estadual na corporação:

“Hoje falta combustível para as viaturas. Existe uma recomendação para que os policiais civis não façam viagens, não façam investigações em locais distantes aqui das unidades policiais e, principalmente, não viajem para outros estados porque não estão pagando diária”, afirmou.

Wemerson relatou que os próprios servidores têm arcado com despesas durante investigações fora da região metropolitana:

“Mesmo quando os policiais civis viajam, eles têm que tirar do próprio bolso para arcar com as viagens. Por exemplo, ficam cinco dias fazendo uma investigação fora do estado. Quando chega na hora de receber, o estado está pagando somente duas diárias para esses policiais”, seguiu.

Problemas estruturais

O presidente do sindicato também criticou os problemas no sistema de tecnologia da Polícia Civil:

“As delegacias da Polícia Civil hoje estão com um problema tão crônico no sistema de tecnologia que as consultas sobre indivíduos com mandado de prisão no sistema de informações policiais, o CIP, não aparecem mais. O policial tem que acessar um sistema do Conselho Nacional de Justiça para fazer essa pesquisa. A situação está tão complicada que não se consegue mais acessar o sistema de informação da Polícia Civil”, afirmou.

Segundo ele, essa falta de estrutura compromete as investigações, especialmente as que envolvem o crime organizado. “O que fica comprometido são as investigações aqui no Estado de Minas Gerais, principalmente as investigações contra as facções criminosas. As mais conhecidas — Comando Vermelho, PCC e TCP — são facções de outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro. Então, como você investiga facções criminosas sem sair do estado para ir na raiz do problema?”

O que diz o governo de Minas?

O governo de Minas Gerais, por sua vez, vem alegando que o estado enfrenta dificuldades financeiras, sem possibilidade de reajuste salarial neste momento. O Executivo sustenta ainda que as restrições orçamentárias também dificultam novos investimentos em segurança pública e infraestrutura.

A nova manifestação dos policiais civis ainda não tem data definida.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.