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De saída da Educação, Igor Alvarenga é alvo de críticas enquanto governo busca novo nome

A saída do secretário da pasta ainda não foi confirmada oficialmente, mas, conforme apurado pela Itatiaia, a decisão foi anunciada em uma reunião com o vice-governador

Igor Alvarenga, secretário de Educação de Minas Gerais do governo Zema.

Servidores, sindicalistas e lideranças políticas que têm a educação como principal bandeira consideram a passagem de Igor Alvarenga pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) como “desastrosa”. A saída do secretário da pasta ainda não foi confirmada oficialmente pelo governo de Minas, mas, conforme apurado pela Itatiaia, a decisão foi anunciada em uma reunião presencial com o vice-governador Mateus Simões (Novo) na terça-feira (15).

Para o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas (Sind-UTE/MG), Alvarenga foi um dos responsáveis pelos “três maiores ataques” à educação pública estadual dos últimos tempos:

  • Projeto SOMAR, que promove a gestão compartilhada de escolas públicas entre o Estado e Organizações da Sociedade Civil (OSCs);
  • Projeto Mãos Dadas, iniciativa do governo que transfere a gestão de escolas estaduais para os municípios;
  • Programa de Escolas Cívico-Militares, proposta que prevê a gestão colaborativa de escolas estaduais entre o governo de Minas, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.

Procurado pela Itatiaia, Túlio Lopes, presidente da Associação dos Docentes da Universidade do Estado de Minas Gerais (ADUEMG), também se manifestou a favor da saída de Alvarenga e chegou a classificar a gestão do secretário como “uma das piores” da história do Estado. Na visão dele, Alvarenga apoiou o projeto de lei que autoriza o governo de Romeu Zema (Novo) a transferir a gestão da UEMG para a União. O texto tramita na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). “Não há proposta de federalização, há de extinção. Repudiamos as falas do secretário de Estado durante nossa audiência pública no dia 1º de julho [...] ele não nos representa”, disse à reportagem.

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A presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG, deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), também é crítica da administração de Alvarenga. À Itatiaia, ela classificou a relação do secretário com os servidores da educação como “bélica” e o acusou de não ter conseguido manter o tom de respeito com os sindicatos que representam a categoria. “Os secretários representam um projeto político do governador, então essa foi a gestão da Secretaria de Estado de Educação: mais um projeto político que ignora a vida e as necessidades das categorias. Infelizmente, é uma característica da gestão que se encerra”, afirmou.

O que dizem os aliados do governador?

Para a Itatiaia, o deputado estadual Cássio Soares (PSD), membro da base do governo Zema na Assembleia Legislativa, ponderou a gestão de Alvarenga como “responsável” à frente da pasta da educação e que o secretário fez um “bom trabalho”.

Sobre as críticas da Comunidade Acadêmica da UEMG contra Alvarenga, o parlamentar, que já se mostrou contrário à federalização da Universidade, disse que “ao contrário do que diz a oposição”, a instituição nunca esteve a venda.

Futuro secretário

Um dos nomes cotados para assumir a Secretaria de Educação no lugar de Alvarenga é Rossieli Soares, ex-ministro da Educação durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).

Para a diretora de comunicação do Sind-UTE/MG, Marcelle Amador, quem assumir a pasta no restante do mandato do governador Zema precisa se comprometer com as verdadeiras demandas da educação mineira. À Itatiaia, ela afirmou que é necessário que o futuro gestor esteja disposto a dialogar com os profissionais e ouvir as principais reivindicações da categoria. "É preciso que a pessoa queira dialogar, discutir aquilo que realmente interessa à categoria. A gente precisa de uma secretária ou secretário que possa se sentar com o Sind-UTE/MG e discutir a possibilidade de melhorias nas condições de trabalho, de salários e de vida dos alunos”, afirmou.

Já Túlio Lopes destacou que a categoria dos docentes da UEMG está atenta a possíveis nomes indicados pelo governador Romeu Zema que possam ter “a mesma perspectiva neoliberal”. “Lutamos por uma educação pública e iremos defender as universidades estaduais”.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.