O presidente Lula (PT) e o senador Rodrigo Pacheco (PSD) conversaram no Palácio do Planalto e Lula lhe informou que indicar Jorge Messias, advogado-geral da União para a vaga aberta ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso.
Rodrigo Pacheco é o nome desejado pelo Senado Federal e pela maioria dos ministros do STF: antes de se tornar político em 2014, já era um jurista de carreira reconhecida.
O senador é uma das lideranças mais preparadas da política mineira, talvez a única que hoje transite da esquerda à direita, sem transigir com valores democráticos. Ele é também nome que gerou grande expectativa não apenas da parte de Lula, mas por um espectro amplo de forças políticas e movimentos acadêmicos, culturais, empresariais para que concorresse ao governo de Minas. E tem o que mostrar: foi o autor, por exemplo, do projeto de lei complementar que resultou no Programa de Pleno Pagamento das Dívidas de Estados (Propag), desenhado a pedido de Tadeu Leite (MDB), presidente da Assembleia Legislativa, para resolver um problema estrutural da dívida de Minas com a União. Mas Pacheco neste momento não quer concorrer ao governo de Minas, como desejaria Lula. Ele disse ao presidente que gostaria de encerrar a sua carreira política ao final de seu mandato, em 2026. Sem Pacheco na disputa, esse campo político fica em situação complicada, ainda sem nome para apresentar, o que fragiliza inclusive, a própria campanha à reeleição de Lula em Minas.
No plano nacional, Pacheco deu grande estabilidade institucional ao país à frente do Congresso Nacional em momentos decisivos. Ajudou a enfrentar os ataques contra a Justiça Eleitoral, respaldou o enfrentamento à tentativa de golpe de estado em curso, que teve o seu ápice nos atos de 8 de Janeiro de 2023, uma semana depois da posse de Lula, como se demonstrou nas investigações da Polícia Federal e da Procuradoria Geral da República. O senador também viabilizou a aprovação de matérias muito importantes, como a Reforma Tributária, uma demanda do país que vinha sendo discutida há décadas, sem convergências para a aprovação. Por tudo isso, a decisão de Lula de optar por Jorge Messias, advogado geral da União para a vaga do Supremo, o colocará num terreno pantanoso no Senado Federal: precisa alcançar a metade mais um do plenário, necessária a sua validação à Corte Suprema do país. Na semana passada inclusive, o Senado mandou um recado muito claro ao Planalto, quando aprovou a recondução de Paulo Gonet à Procuradoria Geral da República com apenas quatro votos a mais dos 41 necessários. Foi a recondução mais apertada da história desde a redemocratização do Brasil.