Bertha Maakaroun | Governo Zema avisa legislativo que tem pressa na privatização da Copasa

Governador quer concluir a venda da companhia antes de se desincompatibilizar. A exemplo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), o mineiro quer bater o martelo na B3 ao final de seu mandato

Operação de venda da Copasa pode ser uma das maiores no mercado de capitais em 2026

O governador Romeu Zema (Novo) quer concluir a privatização da Copasa antes de sua desincompatibilização em 4 de abril de 2026, para concorrer ao Palácio do Planalto, seja encabeçando uma chapa ou na posição de vice, em uma composição com São Paulo. Até por isso, tem sinalizado à Assembleia Legislativa que tem pressa em aprovar o Projeto de Lei (PL) 4.380/25, que autoriza a privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).

A matéria foi distribuída em avulso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) onde o presidente Doorgal Andrada (PRD) será o relator. A oposição vai obstruir e encontrará pela frente, parlamentares da base de Zema que, para mostrar serviço “ao mercado”, assim como fizeram durante o processo de votação da PEC 24/23 – que pôs fim ao referendo popular para a privatização da Copasa - mantêm lobistas informados a cada passo da tramitação.

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A perspectiva de negociação da prorrogação do contrato da Copasa com a Prefeitura de Belo Horizonte, que se encerrará em novembro de 2032, será de fundamental importância no processo de valuation da companhia. A cidade de Belo Horizonte responde por 40% da operação da Copasa.

A Copasa contratou a consultoria Ernest & Young para elaborar modelos de desestatização, entre os quais, discutem-se a venda do controle por meio de um leilão tradicional ou por uma oferta subsequente de ações. Na hipótese de optar pela oferta de ações, o governo terá definir se haverá um acionista de referência, como foi o caso da Sabesp ou se optará pelo modelo da Copel e da Eletrobras, em que a transação levou a uma base acionária dispersa, sem controle definido, o modelo corporation que o governo Zema propõe para a Cemig.

Até por já ter uma participação por volta de 11% na Copasa, a gestora Perfin — que é associada da Aegea e da Kinea na Companhia Riograndense de Saneamento(Corsan) – terá papel importante na futura gestão, seja qual for o modelo da privatização adotado.

A operação de venda da Copasa pode ser uma das maiores no mercado de capitais em 2026, considerando que a companhia é avaliada hoje em R$ 14,2 bilhões.

Jornalista, doutora em Ciência Política e pesquisadora

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.

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