Bertha Maakaroun | A provável pauta da conversa entre Jair Bolsonaro e Nikolas Ferreira

O ex-presidente deve começar a cumprir pena no sistema prisional ainda este mês de novembro, o que tornará a comunicação com o seu campo político mais difícil

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL) foi autorizado por Alexandre de Moraes a visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no próximo 21 de novembro. Jair Bolsonaro (PL) deverá ainda neste mês de novembro começar a cumprir pena no sistema prisional, o que vai tornar mais difícil a comunicação com o seu campo político. Antes da visita de Nikolas, Bolsonaro também vai receber em dias diferentes, outros cinco aliados: o ex-ministro Adolfo Sachsida; o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator da CPMI do INSS; a influenciadora Bárbara Zambaldi Destefani; o senador Magno Malta (PL-ES); e o deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS). Com todos eles a conversa mira as eleições de 2026: formas de desgastar o governo Lula e a disputa ao Senado Federal. O ex-presidente quer dominar o Senado Federal, como forma de manter o poder, e quer escolher as candidaturas nos estados.

A direita bolsonarista e a direita que a orbita estão num momento de disputas internas, inclusive pela liderança desse campo político. Quem vai herdar o comando? Essa a mãe de todas as perguntas, e diz respeito a quem será o candidato desse campo à Presidência da República. De um lado está o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), em guerra aberta contra Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), o presidente do PL Valdemar da Costa Neto, todos envolvidos na construção da candidatura de Tarcísio de Freitas à presidência, em chapa sem o sobrenome Bolsonaro. Assim como o pai, Eduardo Bolsonaro quer o comando do campo fique na família.

Mas o filho do ex-presidente também está em disputa contra Nikolas Ferreira, percebido como uma liderança em ascensão. Assim como em Santa Catarina e em outros estados, em Minas Gerais, o PL enfrenta racha principalmente em relação à indicação das duas vagas ao Senado Federal. O deputado estadual Caporezzo (PL) tem o apoio da família e do próprio Bolsonaro e, ao lado do deputado estadual Bruno Engler, ouviu de Bolsonaro, em julho, que os candidatos seriam Caporezzo e o presidente estadual do PL em Minas, Domingos Sávio. Entretanto, Domingos Sávio negocia com o governo Zema apoio à candidatura de Mateus Simões, que só ofereceria uma vaga ao PL para concorrer ao Senado. Marcelo Aro (PP), secretário de estado de governo, é o primeiro candidato ao Senado confirmado da chapa de Mateus Simões.

O próprio Nikolas, vive o dilema se concorrerá ou não ao governo do estado. Valdemar da Costa Neto quer vê-lo disputando à Câmara dos Deputados: ele ajudaria a eleger mais deputados, e isso significa mais dinheiro do fundo eleitoral e do fundo partidário. Se lançar em Minas a candidatura de Nikolas ao governo, o PL teria mais espaço para formar a sua chapa ao Senado. Nesse campo, contudo, há a potencial candidatura do senador Cleitinho (Republicanos). Este é o cenário. Todas questões com boa chance de surgir na conversa.

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Jornalista, doutora em Ciência Política e pesquisadora

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.

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