Em um mercado onde performance e percepção caminham lado a lado, a interseção entre imagem e liderança deixou de ser um tema associado ao excesso e à estética pela estética, e passou a integrar a pauta da inteligência financeira, da presença executiva e da autonomia feminina, como catalisadora de ascensão profissional, visibilidade e influência.
Estudos de psicologia social e neurociência mostram que o cérebro humano leva segundos para formar julgamentos sobre uma pessoa. Antes mesmo dizer um bom dia, o cérebro de quem te observa já decidiu intuitivamente se você parece competente, confiável, preparada, líder ou uma figurante naquele ambiente. Como impressões inaugurais moldam a forma como sua fala será recebida, sua imagem influencia diretamente se você será ouvida — e como será ouvida.
A consultora de imagem e estilo Silvia Henz aprofunda essa questão ao afirmar: “Nossos cérebros leem esses códigos mesmo que nunca os tenhamos estudado”, e que “uma pessoa pode ser percebida como ‘sensata’, ‘honesta’ ou ‘equilibrada’ só pelo o que veste”. Com base no conceito de enclothed cognition, ela lembra que a roupa também influencia a forma como pensamos e tomamos decisões. Ou seja, vestimenta não diz respeito apenas à percepção alheia, mas ao modo como nos posicionamos internamente. Como ela sintetiza: “Sim, roupa e carreira têm tudo a ver. Uma pessoa bem-vestida tem mais credibilidade e atenção que alguém que não se preocupa com isso.”
Para mulheres, esse debate é ainda mais profundo. Quando falamos sobre presença feminina em espaços de decisão, surgem questões inevitáveis sobre a relação entre poder e feminilidade. Não se trata apenas de soft skills, conhecimento técnico ou modelagens de liderança, mas também da imagem do líder que ainda habita o imaginário coletivo: um homem branco, de terno, com aparência neutra e autoridade presumida.
É nesse imaginário que a mulher poderosa, por muito tempo, foi aquela que se aproximou do molde masculino: ternos escuros, cortes rígidos, paletas neutras. Não por acaso, figuras políticas como Angela Merkel, Hillary Clinton e Margaret Thatcher recorreram a símbolos estéticos masculinizados para evitar serem lidas como intrusas no poder.
Fato é que regras existem para evitar conflitos e diminuir ruídos na comunicação. Por isso, esclarece Henz “o dress code faz parte da etiqueta social que é fundamental para o convívio em sociedade. Ele pode ser atualizado conforme os gostos, valores, necessidades dos indivíduos dessas pequenas sociedades que são as empresas”.
Traduzindo, construir uma imagem estratégica não significa anular a sua autonomia e identidade. Existe um “consenso sobre o que é um vestuário adequado para um profissional. Seguir é um diferencial faz bem para carreira. Agora, conseguir colocar sua personalidade dentro dos códigos de vestimenta, essa é uma forma incrível de trazer alegria pra vida”, defende Silvia.
Porém, é sim possível conciliar os códigos com a marca pessoal: “É preciso ser fiel ao próprio estilo, sempre. Pois a roupa só avisa quem está ali, ela fala antes de você, mas você vai falar. E se sua roupa indica conservadorismo e suas ideias são muito modernizantes, desfazendo regras, apagando melhorias de gestões anteriores, há um ruído de comunicação de imagem. A gente adequa nossa personalidade ao mercado de trabalho, mas também moldamos o mercado de trabalho com nossa visão de mundo”.
Esse cenário adiciona camadas de complexidade à experiência feminina no trabalho. As mulheres enfrentam dilemas diários: vestir-se “bem” sem parecer feminina demais - para não serem sexualizadas; vestir-se confortável sem parecer desleixada; buscar personalidade sem ultrapassar códigos da profissão; e tudo isso sem comprometer o orçamento, porque saúde financeira também é liberdade de escolha.
É nesse ponto que o trabalho de Silvia Henz se torna especialmente relevante. Ao profissionalizar a consultoria de imagem sob uma perspectiva de desenvolvimento humano, Silvia desloca o debate da aparência para o posicionamento estratégico. Ela propõe uma imagem que não aprisiona — liberta. Como afirma: “A maioria das mulheres tem roupa para três vidas. Não saber usar não é sinônimo de precisar comprar.”
Silvia defende que cuidar da imagem não é sobre consumo, mas sobre consciência. Não é sobre agradar, mas sobre comunicar. Não é sobre caber em um padrão, mas sobre recusar o excesso, o ruído e a inadequação que drenam a energia feminina. Essa lógica devolve tempo, foco e clareza mental: “Ao pré-definir um guarda-roupa para a estação, você libera espaço na mente e dinheiro que seria gasto com coisas que, na prática, não precisa. Querer é uma coisa, precisar é outra.”
Não é sobre caber em um padrão, e sim sobre recusar o excesso, o ruído e a inadequação que tanto drenam a energia feminina. Isso devolve tempo, energia e clareza mental, pois ao pré-definir um guarda-roupa para a estação, que será utilizado por cerca de 90 dias, há uma “liberação de espaço na mente que você usa pensando, pesquisando, indo a lojas, vendo on-line, ao passo que libera o dinheiro que você ia gastar com coisas que, na prática, você não precisa. Querer é uma coisa, precisar é outra”.
Uma ferramenta inteligente para isso é o armário cápsula, uma estratégia que une elegância, coerência e liberdade: menos peças, mais estratégia. menos compras, mais identidade. menos ansiedade, mais clareza. Ao ser questionada sobre como construir uma imagem forte sem cair na armadilha do consumo excessivo, Silvia resume: “Escolher menos e melhores. Comprar certo para comprar uma só vez algo que vai te servir por anos.”
Para ela, cinco peças formam o kit básico de uma mulher profissional:
1. um vestido preto dentro do seu estilo;
2. uma camisa branca no corte que valorize seu corpo e personalidade;
3. um sapato de qualidade inquestionável;
4. uma bolsa útil, bem acabada e atemporal;
5. uma calça de alfaiataria solta, ajustada e clássica.
Silvia reforça, porém, que imagem estratégica não substitui competência: “Você não pode pensar só em roupa e deixar de investir em formação. É mais importante falar bem inglês do que vestir um terninho Ricardo Almeida. Mas, se duas mulheres têm competências iguais, o terninho será o diferencial.”
Assim, investir na própria imagem é um multiplicador de esforço: abre portas, reduz ruídos e antecipa credibilidade. Como ela provoca: “O momento de pensar nisso é aquele em que você percebe alguém com o currículo igual ao seu, fazendo o que você faz, mas cobrando muito mais caro só porque aparenta ser mais caro.”
Ao final, a síntese é inevitável: parafraseando Glória Kalil, boa aparência não substitui competência, mas toda competência se beneficia de uma boa aparência. A imagem não substitui seu valor — ela o amplifica.
A estética, nesse sentido, não é vaidade. É linguagem. É autonomia. É presença. É, sobretudo, protagonismo.
Para conhecer o trabalho de Silvia Henz, acompanhe-a no Instagram @silviahenz ou acesse