Estou impressionada com a quantidade de pacientes diagnosticados, em consultório, com fígado gorduroso. O principal perfil são pessoas sedentárias; obesas ou com sobrepeso; que se alimentam mal; não fazem atividade física; gostam de refrigerantes e têm o abdome avantajado. Para piorar, algumas ainda têm o hábito de ingerir bebidas alcoólicas “socialmente” de quinta a domingo.
Pronto! Está desenhado o cenário perfeito para gerar uma sobrecarga desse órgão, que tem 20 cm, pesa 1,5 kg, e está localizado na parte superior do abdome direito.
Qual a importância do fígado para o corpo?
Ele desempenha funções fundamentais para a saúde, como processar substâncias e remédios, eliminar toxinas, metabolizar triglicerídeos e colesterol, além de produzir os fatores de coagulação (para curar feridas) e a bile (que participa da quebra das gorduras).
Esse órgão tem, naturalmente, a capacidade de regenerar suas células. Porém, se agredido contínua e prolongadamente, começa apresentar sinais de inflamação. Chega um momento em que não é possível metabolizar os alimentos ricos em carboidratos, na velocidade necessária para eliminá-los. Isso gera a gordura no fígado, também chamada esteatose hepática.
A boa notícia é que mudanças de hábitos de vida podem reverter o processo inicial. O problema é quando o dano já está avançado e a inflamação no fígado tiver gerado cicatrização celular. Nesse estágio, já pode haver cirrose ou até insuficiência do órgão. Cerca de 20% das pessoas com a doença poderão progredir para cirrose. Todo esse ambiente propicia a instalação de cânceres no fígado.
Causas de esteatose hepática
- Carboidratos em excesso: arroz; farinha (macarrão, pão, pizza, lasanha, biscoito, bolo); batata inglesa; doces; refrigerantes; sucos industrializados e açúcar;
- Alimentos gordurosos;
- Sedentarismo;
- Obesidade e sobrepeso: 60% dos obesos sofrem com fígado gorduroso;
- Abuso de álcool: no Brasil, o consumo médio de ingestão de álcool é de 27 gramas, por pessoa, por dia. Isso equivale a duas taças de vinho, duas garrafas de cerveja ou duas doses de destilados. De acordo com o Centro Canadense de Uso e Dependência de Substâncias, a quantidade “segura” para a saúde seria a ingestão dessa quantidade por semana (e não por dia!);
- Genética;
- Outros fatores que contribuem para agredir o fígado: diabetes; medicações, como esteroides, tamoxifeno, tetraciclina, paracetamol (em doses elevadas); vírus da hepatite; cigarro.
Como descubro se estou com gordura no fígado?
Normalmente, a esteatose hepática não apresenta sintomas. Somente na fase mais avançada, de cirrose ou insuficiência hepática. Alguns deles são: fadiga, cansaço, olhos amarelos, urina escura, fezes esbranquiçadas, coceira no corpo, queda de cabelo, desconforto abdominal.
O diagnóstico é muito simples. Um ultrassom do abdome bem feito mostra a doença. Normalmente, há uma classificação entre: leve, moderada e acentuada. As duas primeiras são mais facilmente reversíveis.
Quem tem acúmulo de gordura no abdome, deve desconfiar. Os exames chamados transaminases (TGO, TGP) e GGT alterados, em um check up habitual, também fazem suspeitar. Se isso acontecer, seu médico deve pedir outros testes mais aprofundados.
Como prevenir ou reverter a doença?
- Perder peso;
- Reduzir a ingestão de carboidratos e gorduras;
- Evitar álcool;
- Atividade física: pelo menos, 150 minutos semanais, por no mínimo 3 dias;
- Ingestão de água.
Existem alimentos que beneficiam o fígado?
- Aqueles ricos em antioxidantes e anti-inflamatórios;
- Frutas e vegetais: uva, morango, suco de romã, couve, espinafre, brócolis;
- Ricos em gorduras saudáveis: azeite, abacate, castanhas nobres (aquelas mais caras);
- Grãos integrais: aveia e quinoa;
- Proteína magra: aves, peixes e feijão;
- Chás: verde e gengibre.