Fabiana de Lemos | Mudança súbita de comportamento em idosos: descartar infecções ou mesmo AVC

Falta de apetite, vontade de ficar deitado, sonolência, vômitos, confusão mental são sinais de que o idoso precisa ser avaliado por um médico com certa urgência

Parentes devem ficar atento à mudança súbita de comportamento em idosos

A população brasileira, e do mundo, está envelhecendo rapidamente. A expectativa de vida só cresce. Esse novo cenário traz desafios sociais, de saúde e previdenciários. Estima-se que o Brasil tenha cerca de 32 milhões de pessoas acima de 60 anos. Isso representa quase 16% da população total, de acordo com levantamentos do IBGE e da Fiocruz.

Hoje, desejo alertar para alguns sinais discretos de saúde que, no idoso, podem sugerir a necessidade de uma avaliação médica mais urgente, até mesmo em pronto atendimento hospitalar.

Bastam alterações sutis na rotina do idoso para levantar a suspeita da ocorrência de problemas de saúde, tais como infecções ou até mesmo um derrame (AVC). Os cuidadores devem atentar-se para mudanças súbitas como:

  • Perda de apetite;
  • Vontade de só ficar deitado;
  • Confusão mental;
  • Apatia;
  • Irritabilidade inesperada;
  • Alteração da fala;
  • Perda de força;
  • Vômitos;
  • Prostração.

Como diria um vizinho meu, que tem mais de 70 anos, idoso morre de tombo, diarreia e pneumonia. Há um fundo de verdade nessa fala, considerando o risco aumentado de fraturas de quadril e de fêmur quando há queda da própria altura. A desidratação também costuma ser mais grave em idosos, assim como em crianças muito pequenas. Acrescentaria a infecção urinária, entre os perigos citados para a saúde da terceira idade.

O olhar atendo do cuidador, seja familiar ou profissional, pode fazer toda a diferença para identificar uma alteração de saúde ainda no estágio inicial. O foco é observar os detalhes do dia a dia e de como o paciente se comporta rotineiramente. E atentar para o que possa ter surgido de novo, de inesperado e de diferente naquele dia específico.

Uma infecção urinária, em um adulto jovem, costuma aparecer com dor, ardência e urgência para urinar, incômodo no pé da barriga ou nas costas, micções repetidas. Já uma pneumonia viria com tosse, sensação de falta de ar, cansaço ao subir uma escada, febre, mesmo que baixa.

No idoso, não se deve esperar alterações típicas e características das doenças. Uma certa prostração e falta de apetite já podem mostrar que algo não está bem.

Outra característica comum e que deve ser monitorada nos idosos é a redução da ingesta diária de água. Eles não costumam ter sede. Sempre devemos observar, oferecer e garantir a hidratação adequada. A falta de desejo de ingestão de líquidos, no dia a dia, já pode gerar uma desidratação e, consequentemente, sintomas inespecíficos, como prostração e os outros já citados. Se ocorrerem diarreia ou vômitos, o risco torna-se maior e o cuidado deve ser redobrado.

Fica a dica!

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Fabiana de Lemos é jornalista e médica. Membro da Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Trabalhou no Caderno Gerais do Jornal Estado de Minas, de 1997 a 2003. Foi concursada da Prefeitura de Belo Horizonte e atuou como médica no SUS, de 2012 a 2018. Foi professora de Medicina pelo UniBH, até 2023. Atualmente, atende em consultório.

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.

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