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Com Copasa mais perto de ser privatizada, deputado de SP usa Sabesp como ‘alerta’

Para Guilherme Cortez (PSOL), quando empresas como a Sabesp são privatizadas, elas perdem o interesse público e passam a ter como objetivo único e exclusivamente o lucro

Guilherme Cortez (PSOL) é deputado estadual em São Paulo.

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, por maioria de votos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/23, de autoria do governador Romeu Zema (Novo). O texto retira a necessidade de consulta popular para a privatização da Copasa, companhia de água e saneamento do estado.

Em 2024, o governo de São Paulo concluiu o processo de privatização da Sabesp, a maior empresa de saneamento do país. O Projeto de Lei (PL) foi aprovado na Assembleia Legislativa (Alesp) com 62 votos favoráveis e apenas um contrário. Ao todo, 26 parlamentares — em sua maioria de partidos como PT, PDT e PSOL — não participaram da votação.

Em 2025, o ex-executivo da Copasa, Guilherme Faria, afirmou em entrevista à IstoÉ Dinheiro que a privatização da estatal mineira deveria ocorrer de forma semelhante à da Sabesp, com o governo de Minas reduzindo sua participação societária.

Em entrevista ao Palavra Aberta, da Itatiaia, neste sábado (25), o vice-líder da oposição a Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Alesp, deputado Guilherme Cortez (PSOL), declarou que a privatização não resolveu os problemas da companhia em São Paulo e, pelo contrário, resultou em piora na qualidade dos serviços prestados. “A Sabesp era uma das empresas mais bem avaliadas do estado, que tinha problemas, como qualquer estatal ou empresa privada, mas prestava um serviço de excelência para a população”, disse.

De acordo com o parlamentar, reclamações de regiões inteiras que ficam sem água são frequentes e, após a privatização, o contato com a empresa para solucionar os problemas de abastecimento ficou mais difícil. “As pessoas não conseguem sequer falar com a Sabesp ou obter uma resposta satisfatória sobre quando a água será religada. Isso quando a água não está saindo contaminada — amarela, marrom — e em outras situações absurdas que nós vemos”, explicou.

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Para Cortez, quando ocorre a venda de estatais para instituições privadas, como no caso da Sabesp e possivelmente da Copasa, as empresas “deixam de ter o objetivo de atender ao interesse público e passam a priorizar o interesse privado de obter lucro para seus acionistas”.

Ao contrário de Minas, em São Paulo a privatização da estatal não dependia de consulta popular. Mesmo assim, antes da venda, uma pesquisa da Quaest apontou que 52% dos eleitores paulistas eram contrários à privatização da Sabesp, enquanto 36% eram favoráveis. O levantamento ouviu 1.656 pessoas com 16 anos ou mais.

Em Minas Gerais, pesquisa Itatiaia/Ver divulgada em 9 de outubro mostrou que 66% dos mineiros acreditam que a população deveria ser consultada sobre a venda da estatal. Números da Quaest também revelaram que 51% dos mineiros são contrários à privatização da Copasa, enquanto 37% se declararam favoráveis à desestatização.

Apesar da aparente reprovação popular, o vice-governador Mateus Simões (PSD) afirmou que a medida não é antidemocrática e defendeu que o referendo foi criado para “embaralhar a tomada de decisão”.

Deputados da oposição, por outro lado, avaliam que a urgência na retirada do referendo é uma manobra do governo para evitar uma derrota política em relação à Copasa, já que acreditam que, em uma consulta popular, a maioria da população rejeitaria a privatização da estatal.

Desde que foi privatizada, a Sabesp viu seu lucro quase dobrar, enquanto as reclamações sobre cobranças indevidas também dispararam. O número de funcionários foi reduzido e, em agosto, a empresa voltou a ser alvo de críticas após ser multada em mais de R$ 23 milhões por um vazamento de esgoto no Rio Pinheiros, em São Paulo.

Com a aprovação do fim do referendo, a Copasa fica mais próxima da privatização. A proposta, que recebeu 52 votos a favor e 18 contrários, ainda precisa passar por uma segunda votação no Plenário para ser aprovada de forma definitiva.

A intenção do governo Zema é utilizar os recursos provenientes da federalização ou da venda da Copasa para abater parte da dívida de Minas com a União, estimada em R$ 173,8 bilhões.

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.
Correspondente da Rádio Itatiaia em São Paulo. Ingressou na emissora em 2023. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. Na Band, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na Band News FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do Band News TV. Em 2023, foi reconhecido como um dos 30 jornalistas mais premiados do Brasil.