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Após mais de 10h de sessão, ALMG aprova, na madrugada, retirada de referendo da Copasa

Sessão começou por volta de 18h no plenário e foi até às 4h20; projeto volta para as comissões antes de ser voltado em segundo turno

Plenária sobre a PEC 24 teve mais de 10h de duração na ALMG

Em uma sessão marcada pelas críticas da oposição a Romeu Zema (Novo), a Assembleia Legislativa aprovou, na madrugada desta sexta-feira (24), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que retira o referendo popular para privatização da Copasa.

Foram 52 votos a favor e 18 contrários. Para aprovar o texto, era necessária maioria qualificada, ou seja, 48 deputados estaduais.

A sessão, que começou por volta das 18h, adentrou a madrugada sob acusação da oposição de que o governo Zema tentou aprovar a matéria na “calada da noite”.

O Governo de Minas planeja aderir ao projeto de refinanciamento do débito de R$ 170 bilhões com a União, abatendo 20% do estoque devido para conseguir reduzir também os juros cobrados sobre as parcelas divididas pelos próximos 30 anos.

Para conseguir tal feito, o Executivo enviou vários projetos de privatização de estatais à Assembleia.

O debate específico sobre a Copasa é um dos mais intrincados também por envolver uma alteração na Constituição do estado.

Além disso, a tramitação ocorre em meio ao protesto de milhares de trabalhadores e sindicalistas que lutam contra a privatização.

O que diz a PEC do referendo?

No início do século, durante o governo de Itamar Franco, a Assembleia aprovou por unanimidade a inclusão de um artigo na Constituição de Minas Gerais que obriga a realização de um referendo popular para aprovar a privatização das estatais de gás natural, energia elétrica e saneamento.

A PEC 24/2023 busca retirar esse artigo e viabilizar a privatização de Cemig e Copasa. Após acordos entre os deputados, o texto foi alterado e manteve apenas a retirada do referendo para a Copasa.

A Copasa no Propag

A privatização da Copasa já integrava a pauta do governo Zema desde o primeiro mandato, mas ganhou novo fôlego com a criação do Propag. Com o projeto permitindo a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União, vários projetos da pauta privatista do Executivo andaram na Assembleia após anos parados.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido.

Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia. No caso da Copasa, além do texto específico que trata sobre a venda da companhia de saneamento, o governo precisa retirar da constituição a necessidade de realizar um referendo para autorização da privatização.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.

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Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.
Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.