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Servidores da Copasa protestam na ALMG contra a privatização da estatal

Em semana decisiva para o futuro da companhia, servidores participam de audiência pública marcada por deputados da oposição

Servidores da Copasa participaram de audiência contra a privatização da estatal na ALMG

Milhares de servidores da Copasa lotam os espaços da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (22). Uma audiência pública iniciada às 11h debate os projetos de privatização da companhia de saneamento do estado.

De acordo com informações dos gabinetes de deputados da oposição, cerca de três mil servidores comparecem à Casa para protestar contra a venda da estatal. A audiência acontece no Auditório José Alencar, um espaço contíguo ao Hall da Assembleia, que está completamente tomado por manifestantes.

A audiência aconteceu enquanto, no plenário, os deputados discutiam a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/2023, de autoria do governador Romeu Zema (Novo), que prevê a retirada da exigência de uma votação popular para autorizar a privatização da Copasa.

Além dos deputados estaduais, integram a audiência vereadores de cidades mineiras, sindicalistas e membros do governo estadual. O momento da fala do presidente da Copasa, Fernando Passalio, foi um dos mais tensos da audiência. Além das vaias, os servidores da companhia de saneamento viraram as costas enquanto o diretor discursava.

O debate sobre a venda da Copasa integra as discussões sobre a adesão de Minas Gerais ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). A justificativa do Executivo para a privatização é o uso dos recursos para amortizar parte do débito de cerca de R$ 170 bilhões do estado com a União.

O que diz a PEC do referendo?

No início do século, durante o governo de Itamar Franco, a Assembleia aprovou por unanimidade a inclusão de um artigo na Constituição de Minas Gerais que obriga a realização de um referendo popular para aprovar a privatização das estatais de gás natural, energia elétrica e saneamento.

A PEC 24/2023 buscava retirar esse artigo e viabilizar a privatização de Cemig e Copasa. Após acordos entre os deputados, o texto foi alterado e manteve apenas a retirada do referendo para a Copasa.

A Copasa no Propag

A privatização da Copasa já integrava a pauta do governo Zema desde o primeiro mandato, mas ganhou novo fôlego com a criação do Propag. Com o projeto permitindo a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União, vários projetos da pauta privatista do Executivo andaram na Assembleia após anos parados.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido.

Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia. No caso da Copasa, além do texto específico que trata sobre a venda da companhia de saneamento, o governo precisa retirar da constituição a necessidade de realizar um referendo para autorização da privatização.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.Servidores lotam a Assembleia contra a privatização da Copasa

Em semana decisiva para o futuro da companhia, servidores participam de audiência pública marcada por deputados da oposição

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.