A reboque do Programa de Pagamento das Dívidas de Estados (Propag) o governador Romeu Zema (Novo) aprovou na Assembleia a autorização para a venda da Copasa e de sua subsidiária, a Copanor, responsável pelos serviços de saneamento nas regiões Norte e Nordeste de Minas. O modelo da desestatização deve ser o de Corporation, em que nenhum acionista detém o controle da empresa. Minas Gerais tem hoje 50,03% das ações, vai deixar de controlar a empresa, mantendo o que se chama de golden share, ação com poder de veto sobre decisões estratégicas. A tendência é negociar por volta de um terço do capital acionário da estatal, com um comprador de referência e também colocar títulos na Bolsa de Valores.
Copasa e Copanor atuam em 637 cidades com abastecimento de água e, em 308 delas, também fornecem serviços de esgoto. Teve um lucro líquido de R$ 1,3 bilhão em 2024 e, entre janeiro e setembro de 2025, um lucro de R$ 1,07 bilhão. A privatização é decisão política, que consta da plataforma de campanha do governador Romeu Zema (Novo). Pré-candidato à presidência da República, Zema vai se desincompatibilizar do cargo em abril e tem pressa em vender a estatal. Ele já se espelha na imagem viral do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), batendo o martelo da conclusão de leilão com força, ao ponto de quebrar o símbolo da Bolsa de Valores de São Paulo (a B3). Zema quer sinalizar ao mercado a imagem de um gestor comprometido com a pauta desses investidores.
O governo Zema enfrentará agora a resistência do Bloco Democracia e Luta da Assembleia, com a judicialização, no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), da aprovação da emenda constitucional que retirou a obrigatoriedade do referendo da Constituição Mineira para a privatização da companhia. Também a Associação Mineira de Municípios (AMM) encaminhou consulta pública ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) reivindicando o direito dos municípios atendidos hoje pela Copasa de romper o contrato após a privatização. Já ao consumidor, resta, agora, torcer para que a venda da companhia, entregue a universalização do serviço, a melhoria da qualidade, sem aumentar custos. O que vemos neste momento, em São Paulo, com a Enel, concessionária de energia, é que a privatização, não é garantia de bons serviços. E vimos com a lucrativa estatal Copasa, que ser estatal não significa que o serviço chegará aos rincões mais pobres. Depende de decisão política.