O presidente Lula (PT) chega a Minas em sua oitava visita em 2025 para agendas em Itabira e em Belo Horizonte, que privilegiam uma interlocução direta com prefeitos. Em Itabira, será a primeira visita na história da cidade, de um presidente da República que vai inaugurar pessoalmente investimentos voltados ao atendimento da população, segundo chama atenção o prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB). Lula vai inaugurar o Centro de Radioterapia do Hospital Nossa Senhora das Dores, que vai atender Itabira e 27 cidades do entorno. Em 1991, Fernando Collor foi a Itabira para agenda com a Vale. E em Belo Horizonte, Lula vai dar a partida no projeto que o governo chama de Caravana Federativa, que reúne representantes dos órgãos federais em um mesmo lugar para atender demandas de prefeitos e gestores públicos. É um claro movimento que faz o governo federal para dribla o bloqueio político que sofre do governo Zema em Minas Gerais.
Para além das agendas administrativas, contudo, Lula tem uma questão política central para resolver no estado: a Federação PT, PV e PcdoB ainda não tem um nome com potencial de convergência para concorrer ao governo de Minas. O senador Rodrigo Pacheco (PSD), a primeira opção dos sonhos de Lula, não está motivado. Pacheco é nome de consenso não só no campo lulista, mas com capacidade de expandir a coligação para além da federação comandada pelo PT. Diferentemente das outras visitas de Lula a Minas este ano, desta vez, o senador declinou do convite e não vai acompanhar o presidente.
No PT, as prefeitas Marília Campos e Margarida Salomão, de Contagem e de Juiz de Fora, já declararam que não irão deixar os seus mandatos para concorrer ao governo do estado. Foi também descartada a alternativa de apoio ao ex-prefeito Alexandre Kalil (PDT). O PT estuda outras possibilidades. Tadeu Leite (MDB), presidente da Assembleia – que já foi convidado para ser vice de Mateus Simões (PSD) e do senador Cleitinho (Republicanos)–, é alternativa no topo da lista de Lula. Assim como Pacheco, Tadeu tem potencial para construir uma ampla coligação de apoios, da direita democrática à esquerda. Há um movimento que trabalha para a filiação de Tadeu Leite ao PSB. Essa migração partidária de Tadeu seria acompanhada por Alexandre Silveira (PSD) – que com a filiação de Mateus Simões ao PSD ficou sem legenda para concorrer ao Senado Federal. Mas essa articulação não foi discutida com Tadeu Leite, que segue declarando estar focado na pauta da Assembleia.
Ao mesmo tempo, há no PT quem esteja trabalhando por uma candidatura própria, e aí surge o nome do jornalista Chico Pinheiro. Há também grupos que defendem o apoio, sem vinculação formal, à candidatura de Gabriel Azevedo (MDB), ex-presidente da Câmara Municipal. E outros nomes que estão se apresentando à disputa e ainda não têm partido, que se beneficiariam do respaldo do campo lulista sem uma coligação formal, como o ex-procurador-geral de Justiça Jarbas Soares e Luís Eduardo Falcão, prefeito de Patos e presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM).
A questão posta para Lula é: se não tem candidatura própria no estado, precisará articular um desenho de disputa que leve a eleição ao governo de Minas para o segundo turno. Assim evitaria, em sua própria campanha à reeleição, repetir o que ocorreu em 2022 em Minas Gerais, no segundo turno: para se beneficiar do voto “Luzema”, Romeu Zema (Novo) passou de um cortês candidato à reeleição no primeiro turno a um feroz adversário no segundo turno, em articulação a uma cruzada antilulista em apoio ao então presidente Jair Bolsonaro (PL). Zema não conseguiu entregar a vitória em Minas a Bolsonaro. Mas, o estado - que registrou alguns dos maiores índices de assédio eleitoral no trabalho do país – reduziu a distância entre Lula e Bolsonaro de 4,69 pontos para 0,49 ponto percentual. Em Minas, Bolsonaro cresceu, entre o primeiro e o segundo turno de 2022, 16,9%, três pontos acima da média nacional, três pontos percentuais acima da média nacional.