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Motociclistas apresentam sugestões a projeto de regulamentação do serviço em BH

Texto que define regras para transporte de passageiros por moto em Belo Horizonte foi protocolado na Câmara; AppeC, representa prestadores, diz apoiar o projeto, mas tem sugestões

Representantes dos motociclistas apresentam sugestões a projeto de regulamentação do serviço em BH

As discussões sobre a regulamentação do serviço de transporte de passageiros por moto em Belo Horizonte ganhou novos contornos na última semana, com uma reunião que envolveu vereadores, a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais, além de representantes dos aplicativos 99 e Uber e dos motociclistas. No encontro, ficou definido que um projeto robusto de regulamentação da atividade em BH será apresentado em até 90 dias.

Enquanto isso, foi protocolado na Câmara Municipal da cidade um projeto de lei que define pontos dessa regulamentação. O texto, do vereador Pablo Almeida (PL), estabelece regras para a operação do serviço em questões de a segurança, eficiência e desenvolvimento econômico.

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O projeto recebeu sinalização positiva de algumas categorias que representam os motociclistas, mas com pontos a serem melhorados. No entanto, existem pontos a serem desenvolvidos, como explica o presidente da AppeC, Associação dos Prestadores de Serviço que Utilizam Plataformas Web e Aplicativos de Economia Compartilhada, Warley Leite.

“O treinamento e a capacitação, embora seja mencionado como necessidade dentro do projeto de lei, a gente não vê os detalhamentos a sobre frequência e conteúdo desse treinamento nem quem deve fornecê-lo. Seria mais interessante que esse projeto especificasse essas diretrizes de maneira mais clara. A gente também vê que o projeto trata da proteção ao usuário, mas não vê medidas incluídas que especificam a proteção dos motociclistas, como seguro de vida e a cobertura de acidentes de trabalho. O projeto também prevê a fiscalização e penalidades, porém não detalha como será feita essa fiscalização e quais serão as penalidades em caso do descumprimentos”, explica.

Sugestões

Todas as sugestões da AppeC foram apresentadas em um ofício encaminhado aos vereadores que participam das discussões da regulamentação. O documento apresenta diversas sugestões para aprimorar o Projeto de Lei e focam principalmente em segurança, proteção ao motociclista, higiene e justiça.

“A gente entende que a argumentação é um ponto importante para a cidade, para os prestadores de serviço, para os usuários e também para os próprios aplicativos. Mas entendemos que essa argumentação tem que ser boa para todos os lados e não onere mais o prestador de serviço”, diz Warley.

Confira as sugestões:

  • Segurança:
    • Tornar obrigatório o uso de colete refletivo para condutor e passageiro.
    • Recomendar o uso de calçados fechados para ambos.
    • Criar um curso de capacitação padronizado para motociclistas, com reciclagem a cada 24 meses, abordando direção defensiva, normas de trânsito, segurança do passageiro e primeiros socorros.
  • Proteção ao Motociclista:
    • Oferecer seguro de vida para motociclistas.
    • Oferecer cobertura para acidentes de trabalho, incluindo despesas médicas e auxílio-doença temporário.
  • Transparência e Justiça:
    • Regulamentar os bloqueios e suspensões de motociclistas.
    • Exigir que as empresas comuniquem formalmente os motivos da punição.
    • Garantir o direito à ampla defesa.
    • Estabelecer penalidades para bloqueios injustificados.
  • Higiene:
    • Tornar obrigatório o uso de toucas descartáveis por parte dos passageiros sempre que utilizarem o capacete fornecido pelo motociclista.
    • As empresas operadoras devem fornecer as toucas descartáveis.
    • A higienização regular dos capacetes pelos motociclistas, seguindo orientações técnicas.
    • Fiscalização e penalidades para o descumprimento das normas.

Projeto de lei

O Projeto de Lei 19/2025 propõe a regulamentação do serviço de transporte remunerado privado individual de passageiros em motocicletas, intermediado por empresas operadoras de aplicativos, em Belo Horizonte. A lei visa regulamentar essa atividade, em consonância com a Lei Federal n° 13.640/2018, estabelecendo definições para o serviço, empresas operadoras, motociclistas e passageiros.

O texto cita propostas de aumento da eficiência na circulação, segurança no deslocamento, redução de desigualdades, melhoria da acessibilidade e mobilidade, estímulo à geração de renda, e promoção do desenvolvimento e inovação. Para a prestação do serviço, a lei exige que o motociclista possua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) adequada, seguro de Acidentes Pessoais a Passageiros (APP) e utilize Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

A motocicleta deve estar regularizada e com o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) válido. As empresas operadoras de aplicativos devem implementar sistemas de monitoramento de velocidade e rastreamento em tempo real, fiscalizar a conformidade dos motociclistas com as normas de segurança e oferecer treinamentos periódicos.

Regulamentação

A polêmica da regulamentação do transporte de passageiros por moto em Belo Horizonte começou em janeiro, quando a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais solicitou a suspensão imediata, por três meses, do serviço na capital, devido à falta de regulamentação e preocupações com a segurança dos passageiros e condutores.

Em resposta, centenas de motociclistas protestaram em frente à Prefeitura e à Superintendência Regional do Trabalho, manifestando-se contra a possível suspensão de suas atividades. O prefeito em exercício, Álvaro Damião, declarou que o município não tinha interesse em suspender o serviço de transporte de passageiros por motocicletas e que a medida não era competência da prefeitura.

Após as manifestações e debates, o Ministério do Trabalho suspendeu o ofício. Depois, a Comissão de Mobilidade Urbana da Câmara Municipal solicitou informações à prefeitura sobre a regulamentação do serviço de motociclistas por aplicativo na cidade, buscando esclarecer se o decreto de 2018, que regulamentou o transporte de passageiros por meio de plataformas digitais, abrange ou não os motociclistas.

Além disso, o prefeito em exercício mencionou a possibilidade de implantar faixas exclusivas para motocicletas como medida para aumentar a segurança no trânsito para motociclistas e passageiros.

Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.