Na próxima quarta-feira (8), irá completar dois anos dos
atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Enquanto o governo federal planeja um gesto simbólico em memória da data para a semana que vem, tramita em Brasília o Projeto de Lei 2.858 de 2022, conhecido como “
PL da Anistia”. O texto, de autoria do ex-deputado Major Vitor Hugo (PL), concede o “perdão” para os presos acusados de participação e financiamento das manifestações.
O
pedido de anistia é criticado pelo bloco de esquerda e amplamente defendido pelo grupo que se mantém aliado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O vice-líder do governo federal na Câmara dos Deputados,
Rogério Correia (PL), disse para a Itatiaia que “não pode haver anistia”. “Eles [direita] não fazem uma autocrítica de um processo que foi de golpe, não foi de um movimento espontâneo. O que o Bolsonaro fez o tempo inteiro foi dizer que as eleições eram fraudadas e ilegais. Braga Netto saiu de uma reunião com o ex-presidente, foi lá para aquele cercadinho e disse: ‘esperem, aguardem, coisas novas virão, continuem mobilizados’. Só faltou dizer: ‘esperem, que o golpe vira’ e fomos ver depois o que era o golpe”, explicou para o
Palavra Aberta.
De acordo com ele, o projeto de anistia, que está no Congresso Nacional, não é uma tentativa do partido de “livrar inocentes”, mas sim, de evitar uma
eventual condenação de Bolsonaro pelos supostos atos golpistas e tornar o ex-presidente elegível novamente para a disputa presidencial de 2026.
Ele próprio disse isso. Ele próprio disse, no Congresso Nacional, quando esteve lá para defender o processo de anistia, assim como o Altineu [Côrtes], que é o líder do PL, e assim como o presidente do partido, Valdemar Costa Neto. Bolsonaro estará incluído no pedido de anistia para disputar as eleições, ou seja, uma pessoa trama um golpe no Brasil, não pode concorrer às eleições e antes de ser julgado já pede anistia. Ou seja, é uma confissão de culpa.
Rogério Correia (2025).
Em resposta, o presidente do PL de Minas Gerais, Domingos Sávio, rebateu dizendo que as prisões dos envolvidos são parte de um plano de “calar vozes da direita”. Em entrevista para a Itatiaia, ele comparou o pedido dos parlamentares ligados ao ex-presidente com o movimento que surgiu, durante a ditadura militar, pedindo a anistia de presos políticos.
É surpreendente! Nós, lutamos no passado pela anistia daqueles que, de maneira também covarde e terrível, foram perseguidos políticos pelo período de exceção e de regime militar. Nós lutamos pela anistia e ver agora pessoas, que se dizem de esquerda, serem contra a discussão de uma anistia para pessoas inocentes que estão presas, perdendo suas vidas sem sequer discutir o processo de anistia. Isso, sim, é um golpe contra o verdadeiro estado democrático de direito.
Domingos Savio (2025).
Savio defendeu que sejam penalizados apenas os manifestantes que depredaram o patrimônio público durante a invasão da Praça dos Três Poderes em Brasília. “Vou lutar pelo processo de anistia, porque eu acho que quem depredou o patrimônio deve pagar pelos crimes, mas no limite que a lei estabelece de punição para depredar um patrimônio, que nunca foi de 17 anos de cadeia”, afirmou.
Na quarta-feira, o
PL não deve realizar nenhum ato em defesa da anistia para os presos de 8 de janeiro. Do outro lado, o presidente Lula convidou o presidente da Câmara, Artur Lira (PP) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), para participar de um ato simbólico.
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