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Moraes determina preservação de provas sobre operação no Rio

Ministro atendeu pedido da Defensoria Pública e ordenou perícia independente após ação policial que deixou dezenas de mortos

O ministro Alexandre de Moraes, no TSE

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou neste domingo (2) a preservação de todas as provas relacionadas à megaoperação realizada no Rio de Janeiro que deixou ao menos 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão.

Na decisão, Moraes determinou que o acesso aos elementos de perícia seja garantido à Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que havia feito o pedido à Corte.

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O ministro também autorizou que assistentes técnicos e outros profissionais especializados acompanhem as perícias, a fim de garantir a “lisura da produção probatória”.

Moraes ressaltou que a decisão segue o entendimento do Plenário do STF no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas, que determina a preservação dos vestígios de crimes e a independência técnica das perícias em investigações de mortes decorrentes de ações policiais.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), deverá ser intimado ainda neste domingo para assegurar o cumprimento da decisão.

Audiência pública no STF

O ministro também marcou uma audiência conjunta para a próxima terça-feira (5), às 10h, na sala da Primeira Turma do STF, para discutir o caso. A reunião contará com a presença de entidades de direitos humanos.

Antes disso, nesta segunda-feira (3), Moraes vai fazer uma audiência com o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o governador Cláudio Castro, além do secretário de Segurança Pública, do comandante da Polícia Militar, do delegado-geral da Polícia Civil e do diretor da Superintendência-Geral de Polícia Técnico-Científica.

Na decisão deste domingo, Moraes negou o pedido da Defensoria Pública para participar da reunião com as autoridades estaduais.

ADPF das favelas

A decisão de Moraes aconteceu no âmbito do processo da ‘ADPF das Favelas’, ação que tramita no STF e estabelece regras para operações policiais em favelas, com foco na proteção de moradores e no respeito aos direitos humanos.

Entre as exigências estão a definição prévia da força a ser usada, a justificativa formal da operação e a proibição do uso da força letal antes de esgotadas todas as alternativas.

A ação foi inicialmente relatada pelo ministro Luiz Roberto Barroso, que se aposentou recentemente, e está sob a relatoria provisória do ministro Alexandre de Moraes, conforme prevê o regimento do STF.

O caso deve ficar com Moraes até que um novo ministro seja empossado no lugar de Barroso.

Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.