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ADPF das Favelas: STF exige que Rio explique megaoperação contra o Comando Vermelho

Conselho de Direitos Humanos, MPF e DPU pedem relatório detalhado e medidas de socorro às vítimas

Megaoperação contra traficantes do Comando Vermelho (CV), realizada nesta terça-feira (28) no Rio de Janeiro, resultou na morte de dezenas de pessoas

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre um pedido do Conselho Nacional de Direitos Humanos que exige esclarecimentos do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), sobre a Operação Contenção, realizada na terça-feira (28) e que deixou dezenas de mortos nos complexos do Alemão e da Penha.

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O pedido se apoia na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas, ação que estabelece regras para operações policiais em favelas, com foco na proteção de moradores e no respeito aos direitos humanos. Entre as exigências estão a definição prévia da força a ser usada e a justificativa formal da operação.

A ação tramita desde 2020 na corte e, inicialmente, tinha como relator o então ministro Luiz Roberto Barroso, hoje aposentado. Com a vaga deixada por Barroso, a ação segue atualmente sob a revisão do ministro Alexandre de Moraes, conforme prevê o Regimento Interno do STF, que determina a substituição do relator por revisor ou pelo ministro mais antigo em caso de vacância temporária ou licença.

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Durante entrevista coletiva após a operação, na terça-feira (28), Cláudio Castro criticou a ADPF, chamando-a de “maldita” e afirmando que as restrições impostas pela ação dificultaram o acesso de policiais a algumas vias das favelas durante a operação. Segundo o governador, a ADPF teria criado obstáculos como barricadas e limitações táticas para os policiais.

“Ainda são o que nós chamamos de filhotes dessa ADPF maldita. Não pode o policial bem treinado atirar da plataforma, mas pode o criminoso usar um drone com bomba. São essas idiossincrasias que vemos, e a politização da segurança pública prejudica sempre o policial que arrisca sua vida”, disse Castro.

O Conselho Nacional de Direitos Humanos, junto ao Ministério Público Federal (MPF) e à Defensoria Pública da União (DPU), solicita que o governador apresente um relatório completo da operação, informe as medidas de socorro às vítimas e comprove que agentes que descumprirem direitos humanos serão responsabilizados.

Entenda a ADPF 635

Em 2020, o ministro Edson Fachin determinou, em caráter provisório, que as ações fossem suspensas durante a pandemia. A decisão apontou que as operações deveriam acontecer apenas em “hipóteses absolutamente excepcionais”.

Posteriormente o STF discutiu o tema e criou regras a serem cumpridas para garantir que as operações acontecessem sem excessos e garantindo a segurança de moradores.

“Também foi estabelecido que o uso da força letal por agentes do Estado só deve ocorrer depois de esgotados todos os demais meios e em situações necessárias para a proteção da vida ou a prevenção de dano sério, decorrente de ameaça concreta e iminente”, informou o Supremo sobre os limites para as operações policiais em comunidades do RJ.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio