De forma inovadora em Minas Gerais, uma das principais refinarias do Brasil, a Gabriel Passos (Regap), em Betim, trabalha para colocar em prática diversos projetos sustentáveis voltados ao uso racional da água e à geração de energia limpa. Os projetos andam em paralelo com a operação com combustíveis fósseis para a produção de derivados essenciais do petróleo, uma fonte de energia não renovável.
A Regap, da Petrobras, localizada entre Betim, Igarapé e Sarzedo, transforma o petróleo em diversos produtos, como GLP (gás de cozinha), gasolina, asfalto, querosene de aviação e diesel. Considerada uma das principais fornecedoras de combustíveis do país, a refinaria atende a 9% da demanda nacional e é responsável por 35% do asfalto utilizado em todo o território brasileiro. Em Minas Gerais, responde por 36% da arrecadação industrial do estado.
O gerente-geral da Regap, Edmilson Ferreira dos Santos, destaca a presença dos produtos da refinaria no cotidiano da população.
“Os produtos que saem da refinaria, por exemplo, o GLP, que é o gás de cozinha, vão para as nossas casas. Temos também o diesel, que a gente encontra nos postos de combustível, e o asfalto, usado nas nossas ruas. Já para as siderúrgicas, temos um produto específico, o coque, muito comum aqui em Minas”, explica Edmilson.
Segundo o gerente, a capacidade de produção da Regap deve aumentar em 15% nos próximos anos. Para isso, estão sendo investidos cerca de R$ 800 milhões entre este ano e 2026, o que deve gerar cerca de duas mil vagas de emprego. A previsão é que, até 2032, os investimentos alcancem R$ 8 bilhões, com a criação de mais de oito mil vagas diretas.
Mesmo em meio a processos que envolvem combustíveis fósseis, cresce a demanda por energia limpa. A Regap afirma já estar inserida na lógica da transição energética.
“A gente está diretamente inserido no processo de transição energética. Entre os produtos, podemos citar o querosene de aviação sustentável, com o qual atendemos os aeroportos de Confins e de Brasília. Além disso, temos o diesel-R, que é um diesel com uma parcela sustentável”, afirma Edmilson.
Gerente-geral da Regap, Edmilson Ferreira dos Santos
O diesel-R é produzido a partir de óleo vegetal e possui menor pegada de carbono, substituindo o diesel convencional, mais poluente. A partir do próximo ano, a Regap deve alcançar capacidade total para produzir querosene de aviação sustentável, o que representa 50 milhões de metros cúbicos por mês, tudo isso dentro do contexto da indústria de combustíveis fósseis.
Edmilson Ferreira dos Santos reforça que a companhia tem buscado ampliar investimentos com foco na sustentabilidade.
“Investimento na mudança do combustível e investimento na área de sustentabilidade fazem parte de um valor da companhia. A gente entende que é o melhor para a sociedade, é o melhor para o povo brasileiro”, comenta Edmilson.
Entre os projetos ambientais em andamento, a refinaria pretende, já no próximo ano, expandir o uso de energia solar com a construção de uma usina fotovoltaica. Também há planos para utilizar esgoto tratado da Copasa, permitindo o reuso da água nos processos produtivos. A expectativa é que 80% da água utilizada pela refinaria seja de reuso, reduzindo a captação na barragem de Ibirité.
O coordenador da Pós-Graduação em Fontes Renováveis da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professor Victor Flores Mendes, explica que o Brasil possui características favoráveis à produção de energia limpa, mas ainda mantém alta dependência dos combustíveis fósseis.
“Estamos apenas usando mais outras fontes de energia, mas a fonte básica, que são os combustíveis fósseis usados há muito tempo, continua sendo utilizada e até se expandindo”, afirma Mendes.
Coordenador da Pós-Graduação em Fontes Renováveis da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professor Victor Flores Mendes
Preservação
Uma das principais demandas da comunidade local é a preservação da Lagoa da Petrobras. A secretária estadual de Meio Ambiente, Marília Melo, afirma que o órgão acompanha de perto as ações de proteção ambiental na área.
“Recentemente, fizemos a revalidação da licença ambiental da Regap, em que avaliamos todo o cumprimento das condicionantes e também aumentamos algumas exigências, especialmente de monitoramento das estações de tratamento de esgoto. Temos feito uma discussão muito forte, inclusive com o Ministério Público e a Assembleia Legislativa, para que o olhar sobre o licenciamento da empresa contribua com o processo de recuperação da lagoa”, explica Melo.
Secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), Marília Melo

