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Membros da Emater e Estadual Central acompanham sessão sobre projeto de Zema com imóveis à venda

Audiência pública na ALMG debate projeto do governo de MG que prevê a federalização ou venda de imóveis para adesão ao Propag

Servidores da Emater e do Estadual Central participam de audiência pública na ALMG

Nesta quarta-feira (29), pelo segundo dia consecutivo, estudantes do Colégio Estadual Central e servidores da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) comparecem à Assembleia Legislativa de Minas Gerais para protestar contra o Projeto de Lei (PL) 3733/2025, t exto em que o governador Romeu Zema (Novo) propõe a privatização ou federalização de imóveis do estado. Ambas as instituições representadas na Casa têm suas sedes incluídas na lista de ativos à venda.

Na última terça-feira (28), a reunião de avaliação do texto na Comissão de Administração Pública (APU) foi cancelada para a abertura de uma audiência pública que ocorre na manhã desta quarta-feira. Além dos servidores e de deputados da oposição, participa da sessão a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Silvia Listgarten.

À Itatiaia, Fábio Alves de Moraes, diretor-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Assistência Técnica e Extensão Rural (Sinter-MG), falou sobre a mobilização dos servidores da Emater. Ele aposta na pouca relevância financeira do imóvel diante da dívida do estado com a União — hoje orçada em R$ 170 bilhões.

“A nossa luta é exatamente para sensibilizar os deputados e mostrar para eles que essa essa doação da sede da Emater para pagamento de dívida vai trazer um prejuízo muito maior para a sociedade. O valor dele é insignificante em relação a dívida que o estado tem com a União, não justifica ter um prejuízo tão grande para a sociedade, de um símbolo de um serviço público de excelência e que impacta toda a sociedade mineira, que põe comida na mesa dos mineiros”, afirmou.

‘Não fomos procurados pelo governo’, diz diretor do Estadual

Felipe dos Santos, vice-diretor do Estadual Central, coordena cerca de 80 alunos de Ensino Médio do colégio que comparecem à Assembleia. À reportagem, ele falou sobre como a notícia da possível venda do prédio histórico situado na Região Centro-Sul da capital mineira foi recebida pela comunidade escolar.

“Não fomos procurados pelo governo, nem pela Secretaria de Educação, nem pela secretária de planejamento, nem pelo vice-governador como sinal de ser responsável, entendendo que ali há adolescentes que, no entender da comunidade, foram assediados de maneira horrenda, pois deveria-se ter comunicado, deveriam ter sentado com a comunidade e explicado. Mas não, nós acabamos sabendo que a nossa escola seria vendida por essa essas reuniões Assembleia e pelos anúncios do governo”, disse o professor e ex-aluno do colégio.

O PL 3733/2025 é um dos mais polêmicos do pacote de propostas enviadas pelo Executivo Estadual à Assembleia no âmbito do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados. A lista original com mais de 300 prédios incluía ativos como a Cidade Administrativa, o Palácio das Artes, o Hospital Risoleta Tolentino Neves e os imóveis da Universidade do Estado (Uemg).

O parecer do projeto na APU foi apresentado pelo relator Rodrigo Lopes (União Brasil) com alterações importantes. Uma delas foi a retirada completa dos imóveis da Uemg. A outra foi a mudada no desconto máximo oferecido no valor dos ativos no caso da privatização. No texto original de Zema, caso o primeiro leilão terminasse deserto, o preço poderia cair em até 45%. Com a mudança prevista no parecer, o percentual de desconto foi reduzido para 25%.

Uma nova reunião na APU está marcada para as 14h desta quarta-feira. Antes de ir a plenário em primeiro turno, o projeto ainda deve passar pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO).

Os imóveis no Propag

O Propag permite a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União. A tentativa de venda dos imóveis é feita como forma de ingresso no programa abatendo parte do débito mineiro. Além deste projeto, há a já aprovada federalização da Codemig e a ainda em tramitação privatização da Copasa.

O programa prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido.

Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.