O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (29) que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), não tem feito “praticamente nada” para combater o contrabando de combustíveis - uma das principais fontes de financiamento do crime organizado no Estado.
A crítica veio na esteira de um comentário que o ministro fez na chegada ao Ministério da Fazenda, em Brasília, nesta quarta-feira, rebatendo críticas de Castro de que o governo federal teria negado ajuda ao Rio de Janeiro.
Haddad alegou que Ministério da Fazenda tem atuação “forte” para cortar o fluxo de dinheiro que sustenta as facções e milícias, e citou como exemplo a Operação Carbono Oculto, realizada pela Polícia Federal e pela Receita Federal em agosto, que atingiu agentes do setor de combustíveis suspeitos de esconder patrimônio em fundos de investimento e fintechs.
De acordo com o governo, a operação bloqueou R$ 1,2 bilhão em ativos e apreendeu navios usados para financiar organizações criminosas.
“Penso que o governador deveria nos ajudar em relação a isso. O governo do Rio tem feito praticamente nada em relação ao contrabando de combustível, que é como você irriga o crime organizado”, disse Haddad. “Para pegar o andar de cima do crime, que é quem efetivamente tem o dinheiro na mão e municia as milícias, é preciso combater de onde está vindo o dinheiro”, completou.
Governador precisa acordar
Ao comentar de forma mais direta a atuação do governo do estado na segurança pública, Haddad afirmou que o dinheiro que sustenta o crime no Rio vem da fraude tributária e do setor de combustíveis, e que Castro deveria ‘acordar’ para esse problema.
“O governador deveria acordar para esse problema crônico e nos ajudar, com a Receita Federal, a combater o andar de cima. Quando o dinheiro está irrigando o crime, é muito difícil controlar na ponta”, declarou.
As declarações do ministro ocorrem em meio à troca de acusações entre o governo federal e o governo do Rio de Janeiro após a operação mais letal da história do Estado, realizada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, com dezenas de mortos. Horas após a ação, Cláudio Castro afirmou que o governo federal negou três pedidos de apoio das Forças Armadas para operações policiais. O Ministério da Justiça rebateu a acusação, dizendo que tem atendido “prontamente” aos pedidos de uso da Força Nacional, e que o Planalto não foi informado previamente sobre a megaoperação contra o Comando Vermelho.