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Em BH, AGU cita ‘forças antidemocráticas’ em meio a protesto contra homenagem a Moraes

O advogado-geral da União, Jorge Messias, foi um dos agraciados pela maior honraria do TCE-MG, ao lado de Moraes, que não compareceu ao evento na capital mineira

Jorge Messias, advogado-geral da União.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, ao receber a mais alta honraria do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG), em Belo Horizonte, nesta terça-feira (9), afirmou que “esta não é a primeira vez” que o Brasil enfrenta e vence forças “antidemocráticas”. Durante o discurso, do lado de fora do TCE, manifestantes protestavam com um “buzinaço” contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

O magistrado foi um dos homenageados com o “Colar do Mérito da Corte de Contas Ministro José Maria de Alkmim”, mas, em decorrência do julgamento de oito réus incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — pela suposta tentativa de golpe de Estado no Supremo, não pôde estar presente.

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Na avenida Raja Gabáglia, região oeste de BH, manifestantes exibiam faixas pedindo buzinas daqueles que concordassem com o impeachment de Moraes e que fossem contra a homenagem ao ministro.

Em seu discurso, Messias afirmou que, atualmente, no país, as tais “forças antidemocráticas” utilizam a desinformação para descredibilizar as instituições, o sistema eleitoral e até o próprio país. “Quero dizer, senhoras e senhores, que é dever de todo brasileiro defender o que é nosso, defender a soberania nacional. O recrudescimento do autoritarismo exige de nós uma atuação forte e consistente”, declarou.

Diante das taxações impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de 50% sobre produtos brasileiros, e dos ataques a Moraes, em razão da suposta “caça às bruxas” do Judiciário contra Bolsonaro, o governo Lula (PT) tem adotado um discurso e um posicionamento em defesa da soberania brasileira frente ao tarifaço.

“Só na democracia essa manifestação pode ser feita”

O anfitrião do evento, presidente do TCE-MG, Durval Ângelo, relembrou que o Tribunal foi fechado durante os regimes autoritários brasileiros.

Em discurso aos homenageados, afirmou que prefere ouvir as buzinas e manifestações do lado de fora, como ocorreu durante a homenagem a Moraes, do que o silêncio de uma ditadura. “Esse ato aí fora faz parte do sentido do que acontece aqui dentro, com toda certeza. Apesar de, muitas vezes, no caso dessa manifestação, [eles] preferirem o silêncio da voz calada pela força das baionetas de uma ditadura, ainda assim, só em uma democracia uma manifestação dessas pode ser feita”, declarou o conselheiro, que foi aplaudido.

Durval Ângelo também defendeu a atuação do Supremo, ao qual chamou de guardião da “Constituição e da defesa das liberdades fundamentais” que orientam o Tribunal de Contas. “Somos herdeiros de uma história, responsáveis pelo presente e atores do futuro”, finalizou.

Além de Moraes, o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), também foi um dos agraciados com a honraria. Durante seu discurso, ele também mencionou o “buzinaço” que ocorria na parte externa do TCE. “Todos aqueles que estão nas ruas a se manifestar, de alguma forma, fazem parte da população que temos de administrar. O Brasil precisa de um movimento de pacificação, e essa pacificação virá pela construção política — e não jurídica, nem judicial”, afirmou

Moção de repúdio

Mesmo sem estar em Belo Horizonte, na segunda-feira (8), Moraes também foi tema de discussão na Câmara Municipal (CMBH), onde os vereadores aprovaram o envio de uma moção de repúdio ao ministro do Supremo.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.