Mensagens interceptadas pela Polícia Federal entre assessores dos
Leia mais:
A apuração consta na decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, que autorizou os mandados de busca a apreensão. O documento, cujo sigilo foi levantado na manhã desta sexta-feira, aponta indícios de que recursos públicos teriam sido desviados por meio de contratos simulados de locação de veículos, pagos com verbas da cota parlamentar e operados por assessores ligados aos gabinetes dos dois deputados do PL do Rio de Janeiro.
No centro da investigação está a empresa Harue Locação de Veículos, apontada pela Polícia Federal como uma empresa de fachada. Embora não funcione mais no endereço fiscal declarado, a Harue continuou recebendo reembolsos da Câmara dos Deputados referentes a despesas de locação de veículos atribuídas aos gabinetes de Jordy e Sóstenes.
Segundo a PF, entre janeiro de 2020 e abril de 2024, a empresa recebeu mais de R$ 400 mil em recursos vinculados às cotas parlamentares dos dois deputados. A investigação destaca que a Harue possuía apenas cinco veículos registrados, número considerado incompatível com os contratos firmados, especialmente quando comparado a locadoras regulares que prestam serviço no Rio de Janeiro.
Além dos contratos, a decisão judicial cita mensagens trocadas entre assessores parlamentares que indicariam a existência de pagamentos paralelos, fora dos registros oficiais. Em diálogos extraídos de celulares, há menções a valores destinados “ao deputado”, cobranças por diferenças em contratos de veículos e referência a pagamentos feitos “por fora”, parte em espécie.
Movimentação financeira
Outro ponto central da investigação são as movimentações financeiras atípicas de assessores ligados diretamente aos gabinetes de Jordy e Sóstenes. Relatórios da PF apontam que alguns deles movimentaram milhões de reais em poucos anos, com grande volume de recursos sem origem identificada e incompatíveis com a renda declarada na Câmara dos Deputados.
A Polícia Federal também identificou indícios de lavagem de dinheiro, como o fracionamento de depósitos e saques em valores inferiores a R$ 10 mil, prática usada para dificultar o rastreamento das transações. Parte dos recursos teria circulado entre familiares, empresas vinculadas ao grupo investigado e servidores comissionados.
Com base nesse conjunto de elementos, o ministro Flávio Dino autorizou buscas e apreensões, além da quebra de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático dos investigados. A decisão também determinou o compartilhamento das provas com a Receita Federal, mas negou, por ora, o envio do material à Advocacia-Geral da União.
A investigação apura suspeitas de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O que dizem os deputados
Logo após ser alvo da operação, o deputado Carlos Jordy publicou um vídeo nas redes sociais
“A alegação deles é tosca. Essa empresa aluga carro para vários outros deputados, inclusive. Querem nos intimidar, é uma pesca probatória. Estão fazendo essa mesma busca e apreensão na cada dos meus pais. Mas não vou deixar isso me intimidar, essa covardia vai ser mais um motivo de força para enfrentar essa perseguição do Judiciário”, disse Jordy.
Sóstenes Cavalcante, que teve o celular apreendido, como o colega parlamentar, ainda não se manifestou sobre a operação. O espaço segue em aberto