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Câmara aprova moção que declara Moraes como ‘persona non grata’ em BH

Parlamentares de esquerda argumentam que, politicamente, a moção não faz sentido, além de alegarem que a declaração de Moraes como ‘persona non grata’ em BH não teria respaldo técnico do Regimento Interno da Casa

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes

A Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) vai enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma nota de repúdio às condutas do ministro Alexandre de Moraes, o declarando como “persona non grata” na capital mineira. Nesta segunda-feira (8), os vereadores negaram os pedidos de impugnação que a moção, de autoria do parlamentar Pablo Almeida (PL), recebeu e por isso, o texto foi votado em Plenário.

Pelo regulamento da Câmara, as moções não são votadas, a menos que recebam pedidos de impugnação. No caso da proposição do vereador Pablo, os pedidos partiram da bancada do PT no Legislativo municipal — Pedro Patrus, Pedro Rousseff, Bruno Pedralva e Luiza Dulci.

Os parlamentares argumentam que, politicamente, a moção não faz sentido, além de alegarem que a declaração de Moraes como “persona non grata” em BH não teria respaldo técnico do Regimento Interno da Casa.

Segundo a descrição do Itamaraty, a declaração de “persona non grata” é um instrumento jurídico de prerrogativa dos Estados para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo no país.

Moraes é relator do processo que apura a participação do chamado “núcleo crucial”, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na suposta tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022.

Na pauta da moção, o autor cita também as sanções impostas ao ministro pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, através da aplicação da Lei Magnitsky.

À Itatiaia, Pablo Almeida afirma que a aprovação significa que Belo Horizonte não “aceita a ditadura”. “A nossa bandeira aqui de Minas Gerais representa muito bem isso. O vermelho da nossa bandeira representa o sangue daqueles que lutaram por liberdade. E hoje nós estamos dando um recado para todo o Brasil, que uma das maiores capitais do nosso país é completamente contrária às decisões arbitrárias de um ministro ditador, que de maneira monocrática é o juiz, é o perseguidor, é o acusador e a vítima de um processo completamente nebuloso e onde a defesa não pode ter acesso nem à integralidade do seu processo”, defende.

Reta final

Na manhã de terça-feira (9), o Supremo irá retomar o julgamento dos oito réus, incluindo Bolsonaro. Com a defesa dos acusados concluída, o processo irá retomar com o voto dos ministros, que irão decidir pela absolvição ou pela acusação. Moraes, como relator do caso, será o primeiro a votar.

A expectativa é que o resultado seja proferido na próxima sexta-feira (12).

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Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.