Ouvindo...

PL que obriga prefeitura a combater símbolos do crime organizado gera debate na Câmara de BH

Vereadora de esquerda diz que a proposta não especifica quais os critérios para definir o que seriam organizações criminosas, o que poderia gerar uma ‘confusão’ com manifestações culturais periféricas

Plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH)

A votação de um Projeto de Lei (PL), em primeiro turno, que obriga a prefeitura de Belo Horizonte a combater sinais, símbolos e palavras que façam referência ou apologia a organizações criminosas e ao crime organizado, gerou uma discussão entre os parlamentares na Câmara Municipal (CMBH), nesta segunda-feira (8), sobre a atuação da Comissão de Legislação e Justiça (CLJ).

O debate começou quando a vereadora Cida Falabella (PSOL) fez ponderações sobre o texto, de autoria do parlamentar Irlan Melo (Republicanos). De acordo com ela, a proposta não especifica quais os critérios para definir o que seriam organizações criminosas, o que poderia gerar uma “confusão” com manifestações culturais periféricas, relembrando que já existe na Legislação leis que proíbem pichações em espaços como cemitérios, por exemplo.

Em seguida, o vereador Pedro Patrus (PT), usou o tempo de discussão para questionar como o projeto teria recebido sinal verde da CLJ.

A vereadora Juhlia Santos (PSOL) também levantou que símbolos poderiam ser erroneamente interpretados como organizações criminosas, citando uma facção criminosa que usa como símbolo a estrela de Davi.

A presidente da comissão de Legislação e Justiça, vereadora Fernanda Pereira Altoé (Novo), rebateu alegando que o anti-semitismo não seria aceito na Casa Legislativa. “É um absurdo usar como exemplo uma facção que usa a estrela de Davi. Eu esperava usar a estrela do PT, isso sim”, disse a parlamentar.

A declaração gerou uma troca de acusações entre os parlamentares do PT e a parlamentar sobre a “criminalização de um partido político”.

No Rio de Janeiro, uma estrela de Davi era usada no “resort” de luxo de Álvaro Malaquias Santa Rosa, traficante conhecido como Peixão.

Ao final, o projeto foi aprovado com 31 votos favoráveis e nove contrários.

O texto, no entanto, ainda não passa a valer. O projeto será analisado novamente em segundo turno e só se for aprovado em Plenário irá para a sanção ou veto do prefeito de BH, Álvaro Damião (União Brasil).

A proposta determina que a administração pública crie um canal de denúncias e implemente um programa de capacitação continuada para servidores da Guarda Civil, zeladoria urbana e também profissionais da área de educação.

O PL ainda estabelece que o município invista em serviços de inteligência e tecnologia para monitorar atividades que possam entrar em conflito com o que determina a legislação, caso o projeto seja aprovado em segundo turno e sancionada pelo prefeito Álvaro Damião (União Brasil).

Leia também

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.