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Com condenação no STF, Bolsonaro pode ficar inelegível até 2060

Se mantida a pena estabelecida pelos ministros do Supremo, ex-presidente terá de se afastar das urnas por 35 anos

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado pelo STF na última quinta-feira (11)

Condenado criminalmente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ficar inelegível até 2060. Se mantida a pena de 27 anos determinada pelos ministros da Suprema Corte na última quinta-feira (11), a lei da Ficha Limpa estabelece que o impedimento de disputar uma eleição seja prorrogado por mais oito anos.

A defesa de Jair Bolsonaro ainda pode recorrer da decisão. No caso do êxito na tentativa de redução de pena, o cálculo da inelegibilidade também é alterado. O ex-presidente tem hoje 70 anos, portanto, só poderia voltar às disputas nas urnas aos 105 anos de idade, caso mantido o tempo determinado pela primeira turma do STF.

Outra possibilidade de alteração no cenário é a aprovação de um projeto de lei (PL) que anistie Bolsonaro. Aliados do ex-presidente no Congresso Nacional trabalham junto aos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para colocar o texto em votação.

Na última quinta-feira, com o placar de 4 a 1, o Supremo entendeu que Bolsonaro e seus aliados são culpados por: organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado; e deterioração de patrimônio tombado.

Além do ex-presidente, foram condenados Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência); Almir Garnier, almirante e ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional); Mauro Cid, ex-ajudante de ordens; Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa; e Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022.

Mudanças na lei da Ficha Limpa

No início de setembro, o Senado aprovou uma alteração na lei da Ficha Limpa e mudou a forma de contagem do período de inelegibilidade. Hoje, os oito anos de impedimento eleitoral passam a valer a partir do fim da pena estabelecida.

Na alteração prevista no Projeto de Lei Complementar (PLP) 192/2023, os oito anos começam a ser contados a partir da condenação. Bolsonaro então poderia se candidatar já em 2033.

O projeto aprovado no Legislativo foi enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pode agora sancionar ou vetar o texto.

Independentemente da condenação criminal, Bolsonaro já foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em dois julgamentos realizados em 2023. No primeiro caso, a corte condenou o ex-presidente por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante uma reunião com embaixadores estrangeiros realizada no Palácio do Alvorada em julho de 2022, às vésperas das eleições.

A segunda condenação entendeu que Bolsonaro cometeu abuso de poder durante as comemorações do Bicentenário da Independência. Em ambos os casos, a pena foi de oito anos de inelegibilidade e penas não são cumulativas.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.