STF vai julgar ano que vem decisão que suspendeu pagamento de emendas

Análise da decisão tomada pelo ministro Flávio Dino vai acontecer em fevereiro

Fachada do palácio do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília

O Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar apenas em fevereiro de 2026 a decisão do ministro Flávio Dino que suspendeu um trecho de projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional que viabiliza o pagamento de emendas parlamentares não executadas pelo governo entre 2019 e 2023.

Ao proferir a decisão, Dino determinou que o caso seja submetido ao referendo do plenário da Corte, para que os demais ministros analisem se mantêm ou não a medida. Até lá, porém, a decisão segue em vigor.

O julgamento foi pautado para o plenário virtual do STF a partir de 13 de fevereiro de 2026. A data foi definida porque a Corte já entrou em recesso de fim de ano, o que empurrou a análise para o próximo calendário judicial.

A decisão do ministro provocou forte reação no Congresso. Parlamentares afirmam que o Judiciário estaria invadindo prerrogativas do Legislativo ao suspender um dispositivo aprovado por deputados e senadores.

O imbróglio teve início após a aprovação, pelo Congresso, de um trecho que autoriza o pagamento de emendas parlamentares não executadas no período de 2019 a 2023.

A previsão foi incluída em um projeto que trata do corte de benefícios fiscais federais em, no mínimo, 10%. Para críticos, o dispositivo configura um “jabuti” — termo usado para definir a inclusão de temas sem relação com o conteúdo principal da proposta.

Flávio Dino acolheu um pedido apresentado por deputados federais do PSOL e da Rede Sustentabilidade. Eles argumentam que o trecho abre caminho para o pagamento de verbas vinculadas ao chamado orçamento secreto.

Segundo os parlamentares, dos cerca de R$ 1,9 bilhão em restos a pagar desde 2019, aproximadamente R$ 1 bilhão estaria relacionado às chamadas emendas de relator (RP-9), modalidade considerada inconstitucional pelo STF em 2022.

Na decisão, Dino afirmou que a revalidação desses valores é incompatível com o entendimento já firmado pela Corte.

“Na prática, a revalidação de restos a pagar não processados ou já cancelados relativos à modalidade de emenda parlamentar declarada inconstitucional por este STF — as chamadas ‘emendas de relator’ — parece ser incompatível com o regime jurídico estabelecido”, escreveu o ministro.

Com isso, Dino determinou a suspensão do trecho do projeto, inclusive na hipótese de eventual veto presidencial, até que o plenário do STF julgue definitivamente o caso.

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Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.

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