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Governo de Minas pede prorrogação do prazo de retomada do pagamento da dívida com a União pela 4ª vez

Cobrança das parcelas está suspensa até o dia primeiro de agosto; enquanto isso, votação do RRF na Assembleia está congelada

Para Zema e Tadeu Leite, votação do RRF é ‘Plano B’ em caso de decisão negativa do STF

O Governo de Minas Gerais solicitou nesta sexta-feira (19) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prorrogação do retorno da cobrança das parcelas da dívida do estado com a União - atualmente em R$ 165 bilhões de reais. É a quarta vez que o pedido é feito ao Supremo, e a segunda que solicita prorrogação do prazo para 28 de agosto.

Na última terça-feira (16), o ministro Edson Fachin já havia acatado parcialmente um pedido do governo Zema e prorrogado o prazo, que terminaria neste sábado (20), para o dia 1º de agosto. É nesta data que o relator do caso no Supremo, ministro Nunes Marques, volta do recesso judiciário. Na decisão, Fachin criticou os sucessivos pedidos de extensão da cobrança, mas afirmou que “negar uma determinada prorrogação neste momento do recesso forense pode trazer consequências mais severas do que postergar por alguns dias o lapso temporal fixado pelo Ministro Relator”.

O principal objetivo do estado neste momento é conseguir a prorrogação até a data, quando o STF irá pautar a continuidade do julgamento em plenário sobre o mérito dos pedidos de prorrogação. A meta do Executivo Estadual é também ganhar tempo para a análise, em Brasília, do Propag, o Programa de Pagamento Pleno de Dívidas do Estados, protocolado pelo presidente do Congresso Nacional Rodrigo Pacheco (PSD). A alternativa é considerada tanto pelo governo Zema quanto pela base e oposição na Assembleia como mais vantajosa para o Estado negociar o débito que tem com a União, uma vez que prevê condições mais favoráveis aos devedores. O projeto também propõe a federalização de ativos estaduais como forma de abatimento da dívida - Minas poderia oferecer, neste caso, empresas como a Cemig, a Copasa e a Codemge.

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No documento em que pede, pela quarta vez, a prorrogação do prazo, o governo de Minas questiona o curto intervalo de tempo dado na decisão de Fachin e cita, mais uma vez, o risco de colapso econômico no estado caso as parcelas voltem a ser cobradas: “Fácil identificar a evidente insegurança e o notório risco de dano irreparável a Minas Gerais com a não extensão da cautelar do dia 1º de agosto de 2024 até o término do julgamento designado para o dia 28 de agosto de 2024, considerando a incerteza sobre as medidas que poderá tomar a União sobre a dívida mineira”, diz a peça jurídica.

Projeto do RRF está ‘congelado’ na Assembleia

O governo de Minas tem uma carta na manga caso a prorrogação do prazo para o retorno da cobrança das parcelas da dívida não passe do dia 1º de agosto: a aprovação do Regime de Recuperação Fiscal. O projeto já foi aprovado em primeiro turno na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e está pronto para voltar ao plenário em segundo turno.

De acordo com o presidente da Casa, Tadeu Martins Leite, o projeto já está pautado para ser votado no mesmo dia caso o pedido não seja atendido. “Se não tivermos nenhum fato novo a própria Assembleia irá se manifestar nos autos pedindo a prorrogação. Se não tivermos resposta o projeto já está pautado para o dia primeiro”, afirmou durante a semana.

No entanto, o RRF só será votado se a Casa não tiver mais alternativas. “É unanimidade que o Regime só será votado como última instância. Não vamos perder o prazo porque temos que ter responsabilidade, mas também temos que entender que o estado não consegue pagar uma parcela cheia da dívida. Por isso estamos fazendo esse esforço todo de arrumar um novo caminho. O caminho do RRF, é claro aqui dentro, não é o melhor para o estado”, diz Tadeu.

O RRF prevê medidas de ajuste fiscal aos estados durante sua vigência, que é de 9 anos. Entre elas estão a não realização de concursos públicos e a restrição do reajuste de salários de servidores, que só podem receber duas recomposições salariais no período.

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Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.