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Projeto de privatização da Copasa começa a ser discutido oficialmente na Assembleia

Leitura do PL 4380/2025 no plenário da Casa inicia a tramitação da venda da Companhia de Saneamento de Minas Gerais

Privatização da Copasa será discutida na Assembleia no âmbito do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag)

O Projeto de Lei (PL) 4380/2025, que prevê a privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) começou a tramitar na Assembleia nesta quinta-feira (25). O texto foi lido em plenário, rito que autoriza o início do trajeto da proposta na Casa, e dá largada a um dos projetos apontados como cruciais pelo governo estadual para o ingresso no Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).

A mesa diretora da Assembleia decidirá o caminho pelo qual deverá passar o projeto antes de ser votado em plenário. A primeira etapa, de forma padronizada, é a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

A venda da empresa à iniciativa privada é uma pauta presente nos planejamentos do governador Romeu Zema (Novo) desde o primeiro mandato. A proposta, no entanto, nunca teve espaço favorável para sua discussão na Assembleia. A criação do Propag para refinanciar a dívida de cerca de R$ 170 bilhões de Minas com a União mudou o cenário.

A privatização da Copasa é tratada como necessária pelo governo Zema para que o estado consiga amortizar o estoque da dívida em proporções suficientes para a redução dos juros conforme previsto pelo regulamento do Propag.

Antes que o projeto de privatização da Copasa começasse a ser discutido, porém, o governo estadual precisava viabilizar uma alteração na Constituição de Minas. A lei atual no estado determina que a alienação das companhias estatais de saneamento, energia e gás natural só pode ser feita mediante autorização dos eleitores mineiros em um referendo.

Para promover essa alteração, Zema enviou à ALMG a Proposta de Emenda à Constituição 24/2023 para retirar a necessidade do referendo. Ao longo da tramitação do texto na Assembleia, a proposta, que previa a inexigibilidade da consulta popular para Copasa e Cemig, passou a valer apenas para a companhia de saneamento.

Com uma tramitação conturbada e sob protestos da oposição, a PEC 24/2023 foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e agora aguarda a formação de uma comissão especial de avaliação antes de ir a plenário. O grupo, bem como seu presidente e relator devem ser definidos até a próxima segunda-feira (29).

Propag ‘ressuscitou’ projeto

A insatisfação com as medidas de austeridade propostas no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) motivou a aproximação entre deputados da oposição, o presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB), e o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a criação de uma alternativa para o pagamento do bilionário débito mineiro.

O Propag foi criado neste contexto e aprovado pelo Congresso Nacional no fim de 2024. Em abril deste ano, o projeto de lei foi regulamentado com mecanismos para que os estados parcelem o pagamento da dívida em 30 anos e ainda reduzem os juros, hoje fixados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano

Um dos mecanismos de redução dos juros é a previsão de queda de dois pontos percentuais com a amortização de ao menos 20% do estoque da dívida. O Governo de Minas planeja pagar os cerca de R$ 34 bilhões com a federalização ou privatização de estatais como a Copasa, Codemig, Codemge e Minas Gerais Participações (MGI).

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.