Ouvindo...

Prefeito de BH diz que empresas de ônibus torcem pela implantação da Tarifa Zero

Álvaro Damião afirmou que medida garantiria um depósito mensal de recursos para as empresas de ônibus, o que poderia ser um benefício aos empresários

Ônibus em Belo Horizonte

O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), sugeriu, na manhã desta quarta-feira (10), que empresários que operam o consórcio de empresas de ônibus na capital devem “estar sonhando e felizes” com a proposta de “tarifa zero” que tramita na Câmara Municipal.

Em uma conversa informal com jornalistas no fim de uma agenda no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), na região da Pampulha, Damião afirmou que a proposta - que não tem aprovação da prefeitura -, garantiria um depósito mensal de recursos para as empresas de ônibus, o que poderia ser um benefício aos empresários.

Sem citar nomes, o prefeito chegou a criticar alguns apoiadores do projeto que citam uma suposta “máfia do transporte público” que poderia influenciar a aprovação ou reprovação da ideia, e concluiu afirmando que, na verdade, empresários seriam beneficiados.

“Agora eu estou vendo que eles estão falando, postando de máfia de ônibus… que conversa mais ruim. Se tem alguém que tá calado e sonhando que isso aconteça, sabe quem que é? Os donos das empresas de ônibus. Sabe por quê? Porque aí vai ter garantia. Antes eu não tinha garantia”, declarou.

“Antes a prefeitura me paga 2024 lá em 2025, e 2023 paga em 2024, é uma luta danada, aí eu tenho que correr atrás, tenho que fazer empréstimo para poder pagar o ônibus. Agora não. Agora eu vou ter o crédito todo. Pra ele é a melhor coisa. Aí dá impressão de que ele não quer falar. Ele está caladinho, torcendo pra acontecer. Porque a partir do momento que você fala assim ó: ‘todo dia 1º de janeiro eu deposito na sua conta R$ 3 milhões Você fala…. ‘Não preciso concorrer com mais ninguém, estou hiper feliz’”, acrescentou o prefeito.

O que diz o projeto da tarifa zero?

O PL 60/2025 cria o Fundo Municipal de Melhoria da Qualidade e Subsídio ao Transporte Coletivo (FSTC) a ser financiado pela Taxa do Transporte Público (TTP), também estabelecida pelo projeto. Esta seria uma forma de zerar a passagem nos ônibus de BH, hoje fixada em R$ 5,75.

A ideia é que as empresas não paguem mais o vale-transporte para os funcionários que utilizam o transporte público e passem a contribuir para o fundo de financiamento geral. A taxa seria paga a partir do décimo empregado no quadro de funcionários, o que isenta os empreendimentos de menor porte.

O texto calcula um custo de R$ 168,82 por empregado, R$ 5,63 diários para cada funcionário a partir do décimo integrante do quadro da organização.

Além da taxa paga pelas empresas, o transporte público de BH continuaria contando com o subsídio pago pela prefeitura. Desde 2022 o município aporta recursos para as empresas de ônibus da capital como forma de complementar o financiamento do serviço além dos valores arrecadados com as tarifas.

A prefeitura classifica a proposta inviável, afirmando não caber no orçamento da prefeitura e nem das empresas.

Leia também

Jornalista graduado pela PUC Minas; atua como apresentador, repórter e produtor na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte desde 2019; repórter setorista da Câmara Municipal de Belo Horizonte.