Em 2025, Lula deu gás em agenda internacional, mas também esteve em controvérsias diplomáticas

O petista fecha o ano anterior às eleições com vitórias e derrotas envolvendo a política externa

Encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Donald Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumpriu uma de suas promessas de campanha em 2025: focar na agenda internacional para recuperar a reputação no exterior que, segundo o governo atual, foi descredibilizada durante o mandato do antecessor, Jair Bolsonaro.

Nos últimos doze meses, o presidente realizou viagens a mais de 20 países, incluindo destinos estratégicos como China, Rússia, Japão, Vietnã, Uruguai, Vaticano, Honduras e participação em encontros multilaterais no Canadá (G7), África do Sul (G20), e Nova York (ONU).

Lula também esteve na Malásia para a reunião da ASEAN e liderou importantes reuniões de blocos como a Celac e os BRICS.

Trump, EUA e o ‘Tarifaço’

Uma das maiores polêmicas da diplomacia brasileira em 2025 foi a imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, anunciadas pelo presidente Donald Trump.

O governo norte-americano associou as sobretaxas a disputas políticas internas no Brasil. O movimento ocorreu após o Supremo Tribunal Federal (STF) condenar Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, mora atualmente nos EUA. Lá, fez movimentações para que o republicano ajudasse o pai no Brasil.

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Lula respondeu aos EUA criticando as tarifas como “políticas e ilógicas”, e manteve o discurso de que protegeria a soberania brasileira.

O país recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) e implementou o plano “Soberania Brasil”, que liberou bilhões em créditos e medidas de apoio a exportadores afetados pelo aumento tarifário.

Apesar das tensões, houve também tentativas de reaproximação: o presidente brasileiro e Trump mantiveram contatos, inclusive com uma conversa presencial durante a Assembleia Geral da ONU, e acordaram a nomeação de equipes para negociar a suspensão das tarifas. No fim, tudo foi resolvido, e os dois presidentes saíram da situação se elogiando.

Janja da Silva e polêmicas

A primeira-dama também esteve presente em agendas internacionais com Lula, participando de eventos diplomáticos e culturais ligados à política externa.

Sua presença, em algumas ocasiões, levantou debates na mídia sobre o papel institucional do cargo de primeira-dama, sobretudo em visitas oficiais e eventos culturais no exterior, entre elogios por ampliar a visibilidade das questões sociais e críticas por suposto protagonismo.

A intervenção, considerada atípica em um encontro diplomático, causou uma série de críticas da oposição e debate sobre quebra de protocolo, após o episódio vazar para a imprensa.

Lula saiu em defesa da mulher, e falou que o tema havia sido levantado por ele. O presidente também criticou o vazamento de uma conversa que deveria ser reservada.

COP 30 ‘pegou fogo’

Em novembro, o Brasil sediou a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, em Belém (PA), um dos maiores eventos internacionais de 2025.

Lula inaugurou a conferência com um discurso em que alertou para os atrasos na implementação do Acordo de Paris e criticou como “as rivalidades estratégicas e conflitos desviam atenção dos objetivos climáticos”.

O evento reuniu mais de 60 chefes de Estado e governo, consolidando o papel do Brasil e culminou na aprovação de medidas focadas em tecnologia, adaptação e transição energética, embora tenha havido críticas internas e externas sobre a ambição e eficácia de algumas das propostas finais.

Jornalista com trajetória na cobertura dos Três Poderes. Formada pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), atuou como editora de política nos jornais O Tempo e Poder360. Atualmente, é coordenadora de conteúdo na Itatiaia na capital federal.

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