Governo federal registra rombo de R$ 20,2 bilhões nas contas em novembro

Dados divulgados pelo Tesouro Nacional mostram uma queda na arrecadação e uma alta nos gastos do governo no mês passado

Mesmo com resultado negativo, secretário Rogério Ceron espera que o governo cumpra a meta fiscal

As contas do governo federal registraram um déficit de R$ 20,2 bilhões no mês de novembro, segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional nesta segunda-feira (29). No acumulado do ano, as contas públicas registram um rombo de R$ 83,8 bilhões, o pior para o período desde 2023, quando o saldo negativo foi de R$ 122,8 bilhões.

O rombo para o mês veio maior do que o esperado pelo mercado financeiro, que previa um saldo negativo de R$ 13,5 bilhões, segundo pesquisa com especialistas feita pela Reuters. Apesar do resultado, o governo federal ainda prevê atingir o déficit zero nas contas com os números de dezembro, uma vez que há um intervalo de tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) - cerca de R$ 31,3 bilhões.

Os números de novembro são influenciados por uma queda de 4,8% na receita líquida, que fechou na ordem de R$ 166,9 bilhões, enquanto as despesas totais tiveram uma alta de 4%, já descontada a inflação, chegando em R$ 187,1 bilhões. Cabe lembrar que algumas despesas não são computadas para a meta fiscal, como o gasto com precatórios (ações judiciais). Sem essas despesas, o déficit acumulado no ano é de R$ 40 bilhões.

Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, o resultado de dezembro deve ser de um superávit de R$ 20 bilhões, puxado pela receita de dividendos de estatais, o que contribui para o governo alcançar a meta zero. “Caminhamos firme para o cumprimento da meta fiscal”, disse.

Para a economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitoria, mesmo com uma alta na arrecadação em dezembro, o déficit projetado para 2025 deve ficar próximo de 0,5% do PIB, na ordem de R$ 64 bilhões, resultado pior do que o de 2024, que foi de R$ 43 bilhões.

“Após uma breve contenção no crescimento das despesas no início do ano, o governo voltou a acelerar os gastos. Não apenas as despesas obrigatórias seguem em alta — com destaque para a Previdência, que cresce 4% acima da inflação no acumulado até novembro, e o Fundeb, com alta de 20% — como também as despesas discricionárias, que acumulam crescimento de 4,6%”, ressaltou a especialista.

Com a Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovada, Vitoria estima que os gastos do governo cresçam acima de 4% no próximo ano. Mesmo com novos aumentos de impostos, uma atividade econômica mais fraca pode trazer surpresas negativas para arrecadação, forçando o governo a revisar a meta fiscal. “Nossa expectativa é de uma nova deterioração do déficit, para cerca de R$ 90 bilhões, ou 0,7% do PIB, em 2026”, completou.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.

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