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O que está em jogo no julgamento de Jair Bolsonaro

O STF julga, no próximo dia 2, inquérito que aponta o ex-presidente como envolvido em tentativa de golpe em 2022, após Lula ganhar as eleições brasileiras

O ex-presidente Jair Bolsonaro

O Brasil acompanha, a partir da próxima semana, um dos julgamentos mais decisivos da sua história recente. O Supremo Tribunal Federal (STF) vai decidir se o ex-presidente Jair Bolsonaro deve ser condenado por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

As denúncias contra Bolsonaro são diversas: ele teria participado, segundo investigação da Polícia Federal (PF), da articulação de um plano para reverter o resultado das urnas em 2022, incentivado ataques às instituições e apoiando a elaboração de minutas que poderiam abrir caminho para uma intervenção militar.

Vida pessoal e política

Antes de chegar a esse tribunal, Bolsonaro já carrega derrotas políticas e pessoais. Ele está inelegível até 2030, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder político. Além disso, o ex-presidente perdeu a liderança absoluta da oposição, dividida agora entre governadores, parlamentares e até figuras do próprio PL, seu partido.

Do ponto de vista pessoal, Bolsonaro enfrenta problemas de saúde e se manteve nos últimos meses entre internações médicas e uma agenda reduzida de aparições públicas.

Opinião de aliados de Lula

Uma eventual condenação pode encerrar de vez a carreira política de Bolsonaro e redefinir os rumos da direita no país, pelo que avaliou o deputado federal Rogério Correia, do PT, que acompanha desde o início deste processo a situação do ex-presidente.

“Com certeza, o julgamento terminará com a prisão de Jair Bolsonaro. Isso será o fim da sua trajetória política, porque, se hoje ele já está inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral, após a concretização da pena sua inelegibilidade será ampliada. Isso não significa, entretanto, o fim do bolsonarismo”, avaliou Correia.

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PL fala em perseguição

Por outro lado, aliados de Bolsonaro veem no julgamento uma tentativa de “caça às bruxas”. O deputado Federal Zucco, do PL, classifica o processo como uma “farsa”.

“Eu não tenho dúvida de que estamos diante de uma perseguição política. O presidente Bolsonaro já estava condenado há muito tempo, antes mesmo de qualquer julgamento. Estamos assistindo a uma farsa, um processo repleto de ilegalidades e abusos, tanto é que ele cumpre uma espécie de prisão domiciliar sem sequer ter sido condenado em definitivo. Isso mostra o tamanho da parcialidade. Quando a justiça se torna instrumento de vingança, deixa de ser justiça e passa a ser perseguição.”

Independentemente da decisão do Supremo, o julgamento de Jair Bolsonaro marca um divisor de águas. Condenado ou absolvido, o futuro da direita e da democracia brasileira será impactado.

E, se o julgamento é o clímax dessa história, o caminho até aqui foi marcado por um embate constante: Jair Bolsonaro, de um lado, e o ministro Alexandre de Moraes, do outro.

Nossos repórteres escrevem todos os dias notas dos bastidores de Brasília
Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.
Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio