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Militares serão julgados pelo STF no processo de plano de golpe

Homens acostumados a definir os rumos do Brasil agora são réus na Suprema Corte do país

Militares no 1º Batalhão de Operações Psicológicas do Exército e a 3ª Companhia de Forças Especiais

Em uma decisão histórica, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal coloca no banco dos réus três generais de quatro estrelas, um almirante, um tenente-coronel e um presidente-capitão, Jair Bolsonaro (PL).

Além de Bolsonaro, fazem parte do chamado “núcleo crucial” da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), os seguintes nomes:

  • Ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira;
  • Ex-comandante do Exército, Freire Gomes;
  • Ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno;
  • Ex-comandante da aeronáutica Almir Garnier;
  • Ex-ajudante de ordens de Bolsonarom tenente-coronel Mauro Cid;
  • Ex-diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem; e
  • Ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

Não estamos falando de figuras secundárias. São homens que ocuparam o topo da hierarquia militar, que controlavam tropas, inteligência e segurança do Estado – e que agora respondem à Justiça civil por conspirar contra a democracia.

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Para entender o porquê esses militares estão sendo julgados pelo STF, chamamos o mestre em direito político e especialista em direito criminal Luiz Augusto Rutis para Explicar.

“O caso que vai ser julgado faz parta da operação lesa-pátria, que de acordo com o entendimento do STF é um caso de competência originária da Suprema Corte. Nesse tipo de caso, todos os crimes, inclusive aqueles cometidos por militares é julgado pelo STF porque prevalece a competencia do Supremo em relação a da Justiça militar”, explicou.

As investigações da Polícia Federal revelaram reuniões secretas, minutas de decretos que previam a intervenção das Forças Armadas para reverter o resultado das urnas.

Mas há um ponto explorado pela defesa e que pode mudar o rumo do julgamento: a delação de Mauro Cid – o ex-ajudante de ordens que acompanhou Bolsonaro de perto e que decidiu contar o que viu nos bastidores.

O advogado Eduardo Mauricio, especialista em direito criminal avalia que existe essa possibilidade para que a delação do Mauro Cid seja derrubada.

“Existe margem jurídica para a delação ser derrubada, mas isso é complexo. A anulação pode acontecer de duas formas, a primeira seria a comprovação de um vício na origem do acordo como demonstração de que ele não foi voluntario. A segunda e mais factível é a rescisão do acordo por descumprimento por parte do colaborador”, afirmou o advogado.

O julgamento não atinge apenas Jair Bolsonaro. Pela primeira vez, a Justiça civil coloca generais e almirantes no banco dos réus por tramar contra a ordem democrática que juraram defender.

Nossos repórteres escrevem todos os dias notas dos bastidores de Brasília
Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.
Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio