Bertha Maakaroun | Como ficará o PL mineiro em 2026?

A legenda tende a apoiar Mateus Simões para o governo. Com uma só vaga ao Senado na chapa para o PL, a disputa interna vai se intensificar

Bandeira de Minas Gerais

Ainda que rachado internamente, o PL de Minas caminha para formalizar aliança em apoio ao vice-governador Mateus Simões (PSD) na sucessão ao governo do estado. Na composição dessa chapa majoritária, haveria apenas uma vaga indicada pelo PL ao Senado. E o partido em Minas vai formalizar o deputado federal Domingos Sávio (PL), que é também presidente estadual da legenda. Domingos Sávio tem o apoio de Nikolas, que disse ter recebido a orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em sua última conversa com ele, em 21 de novembro, antes da prisão. A segunda vaga da chapa majoritária será do secretário de estado de governo, Marcelo Aro (PP).

A prevalecer essa composição, Minas Gerais será mais um estado em que o PL racha em torno da política de alianças e, principalmente da vaga ao Senado. São muitas vozes falando em nome de Jair Bolsonaro. Aqueles três deputados estaduais que se intitulam bolsonaristas autênticos têm críticas profundas em relação à política do governo Zema para a segurança pública. Por isso, resistem a aceitar Mateus Simões. Além disso, o deputado estadual Eduardo Azevedo, irmão do senador Cleitinho, apoia o senador, que também é pré-candidato ao governo. Na disputa dentro do PL mineiro pelas vagas ao Senado, o deputado estadual Caporezzo se anuncia como o candidato da família Bolsonaro. Se ficar de fora, ele tenderá a liderar uma debandada de “autênticos” da legenda.

Minas não é o único estado em que o PL acumula brigas internas pelo crachá de porta voz de Bolsonaro. Está acontecendo dentro da própria família. As posições de Michelle Bolsonaro no lançamento da candidatura do senador Girão (Novo) ao governo do Ceará expuseram o conflito: chamada de “presidenciável” por Deltan Dallagnol – há quem defenda a chapa Tarcísio de Freitas tendo Michelle por vice - , os três filhos criticaram-na publicamente, porque ela estaria dando orientações políticas na sucessão estadual indevidamente em nome de Bolsonaro. E foram orientações que bateram de frente com a articulação da família Bolsonaro, que aproxima o PL de Ciro Gomes, naquele estado. Também em Santa Catarina e em São Paulo, as divisões internas para as alianças em 2026 têm nome: quem comandará o espólio eleitoral do ex-presidente da República.

O desentendimento público entre os filhos de Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira- dama vai ser tratado em reunião interna do PL nesta terça-feira. De um lado, Valdemar da Costa Neto, presidente nacional, tende a se posicionar em apoio a Michelle; de outro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) já se anunciou como porta-voz. Ao que tudo indica, contudo, Michelle Bolsonaro também quer esse papel. A turma do deixa disso entra em campo, mas, assim como em Minas Gerais, a disputa pelo protagonismo é bem mais profunda. Os filhos de Bolsonaro querem demarcar o território em que a madrasta poderá agir. Será que vão conseguir? Como dizem por aí: aperta entre as mãos, escapa pelos dedos.

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Jornalista, doutora em Ciência Política e pesquisadora

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.

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