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Bolsonaro x Moraes: embate marca julgamento histórico no STF

Ex-presidente começa a ser julgado em 2 de setembro, acusado de articular tentativa de golpe de Estado; Moraes é alvo central de críticas da defesa

Bolsonaro e Moraes frente a frente: julgamento da cúpula da suposta tentativa de golpe começa no dia 2 de setembro

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela suposta tentativa de golpe de Estado está marcado para o dia 2 de setembro de 2025, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, antes mesmo de o processo começar, um personagem tem concentrado boa parte dos holofotes: o ministro Alexandre de Moraes, relator de uma série de inquéritos que envolvem o ex-chefe do Executivo.

Moraes conduz investigações que já se tornaram símbolos do embate entre o Supremo e o bolsonarismo: o inquérito das fake news (2019), o das milícias digitais (2021), o dos atos antidemocráticos (2021), a apuração dos ataques de 8 de janeiro de 2023 e, mais recentemente, o processo sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, no qual Bolsonaro se tornou réu em 25 de março de 2025, por decisão do próprio STF.

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Na semana passada, o ministro determinou medidas consideradas duras contra o ex-presidente: apreensão do passaporte, proibição de contato com outros investigados, restrição ao uso de redes sociais e, posteriormente, sua prisão domiciliar. A defesa de Bolsonaro afirma que as medidas configuram punições antecipadas, antes do julgamento.

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Enquanto isso, no cenário internacional, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, deixou o Brasil em fevereiro deste ano e tem se articulado nos Estados Unidos. Ele vem buscando apoio de parlamentares republicanos e defendendo que autoridades americanas apliquem a Lei Magnitsky contra Moraes — legislação dos Estados Unidos que prevê sanções a agentes públicos acusados de violações de direitos humanos.

Em uma audiência na Câmara dos Deputados, realizada em na terça-feira (26), Eduardo Bolsonaro intensificou os ataques ao ministro:

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“Mas o Alexandre Moraes, ele tem esse desejo de se mostrar uma pessoa má, para sim ter o respeito dos outros através da intimidação. É por isso que eu nem exagero quando eu coloquei no meu Twitter, que foi inclusive num dos inquéritos, quando eu o chamo de gangster, porque essa é uma prática de um mafioso, de um gangster”.

Especialistas, no entanto, avaliam que até agora o processo segue os parâmetros legais. Para o advogado e professor de Direito Penal Tédney Moreira, o ineditismo do caso exige cautela do Supremo, mas não há evidências de violações processuais:

“Estamos diante de um fato inédito na história do Poder Judiciário brasileiro, de termos uma ação desta dimensão tramitando no Supremo Tribunal Federal, que tem como possíveis vítimas do que seria um golpe de Estado um dos próprios ministros em julgamento. Isso vai demandar do Judiciário uma cautela excessiva com a observância das garantias processuais. [...] Até o momento, não me parece ser este o caso, tendo em vista a observância de todas as regras do devido processo legal.”

O embate entre Bolsonaro e Moraes se tornou um dos elementos centrais do julgamento que começa em setembro. Além de definir a responsabilidade do ex-presidente nos atos de 8 de janeiro e na suposta tentativa de golpe, o processo deve servir como um marco para estabelecer os limites da atuação de ex-presidentes diante da Justiça brasileira.

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Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio
Repórter de política em Brasília, com foco na cobertura dos Três Poderes. É formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) e atuou por três anos na CNN Brasil, onde integrou a equipe de cobertura política na capital federal. Foi finalista do Prêmio de Jornalismo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2023.