PL Antifacção: Relator no Senado retoma julgamento de homicídios por júri popular

Competência de análise dos casos cometidos por facções criminosas havia sido alterada na Câmara

O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator do PL Antifacção no Senado

O relator do projeto de lei Antifacção no Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE), apresentou nesta quarta-feira (3) seu parecer sobre a proposta nesta quarta-feira (3), com ajustes em relação ao texto aprovado na Câmara dos Deputados.

Um dos pontos retomados pelo emedebista foi a forma como o crime de homicídio doloso cometido por facção – ou seja, quando há intenção de matar– é julgado. Atualmente, esses casos são analisados em júri popular, algo já consolidado na Constituição de 1988.

Entretanto, o relator do texto na Câmara, deputado Guilherme Derrite (PP-SP), transferiu essa competência para as Varas Criminais Colegiadas, o que daria a um conjunto de juízes o poder de decidir sobre os casos.

Segundo Derrite, essa mudança serviria para proteger os jurados, ameaçados por facções, e permitiria que as decisões fossem tomadas de maneira técnica, sem possibilidade de coação ou interferência dessas organizações criminosas. Entretanto, a Itatiaia mostrou o alerta de juristas que consideravam essa alteração como inconstitucional.

Vieira, no entanto, retomou a previsão atual, mas incluiu medidas de proteção dos jurados.

De acordo com a proposta do senador, o juiz do caso poderá determinar, por iniciativa própria ou a pedido:

  • sigilo de dados pessoais dos jurados;
  • controle de acesso ao tribunal;
  • escolta policial;
  • alojamento reservado;
  • restrição de publicidade;
  • videoconferência sem mostrar a identidade dos jurados;
  • e limitação do uso de eletrônicos.

Todas as medidas precisam de justificativa e duram apenas enquanto houver risco.

Além disso, o texto também estabelece que permite que os réus participem do julgamento por videoconferência quando houver risco à segurança pública, possibilidade de influência sobre jurados, vítimas ou testemunhas, ou outras razões graves de ordem pública.

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Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.

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