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Comissão da PEC do fim do referendo para venda da Copasa é formada com líderes de Zema

Deputados governistas são maioria na comissão especial que viabiliza a privatização da companhia de saneamento

Privatização da Copasa avança na Assembleia Legislativa

A comissão especial para avaliação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/2023, que retira a exigência de referendo para privatização da Copasa, foi formada nesta quarta-feira (1º) na Assembleia Legislativa (ALMG). A composição do grupo que avalia o projeto incluído nas discussões sobre o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) tem maioria de lideranças do Executivo na Casa.

A comissão é composta pelos líderes dos dois blocos governistas da Casa: Cássio Soares (PSD) e Noraldino Júnior (PSB) e por Gustavo Valadares (PSD), ex-secretário de Governo de Romeu Zema (Novo). Completam a lista de membros efetivos o deputado Antonio Carlos Arantes (PL) e a única integrante do bloco de oposição, Bella Gonçalves (PSOL).

A primeira reunião da comissão está marcada para esta quinta-feira (2), quando os membros definirão presidente, vice-presidente e relator do projeto.

Os suplentes da comissão especial da PEC 24/2023 são: Beatriz Cerqueira (PT), Coronel Henrique (PL), Raul Belém (Cidadania), Rodrigo Lopes (União Brasil) e Zé Guilherme (PP).

A PEC do referendo foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e agora deve ser aprovada na comissão especial antes de ser votada em plenário. A formação de um grupo específico para discutir o texto faz parte da tramitação de propostas de emenda à Constituição. Se aprovado em dois turnos em plenário, o projeto é promulgado pela própria Assembleia, sem necessidade de sanção do governador.

A PEC do referendo foi enviada à Assembleia por Zema em 2023 e ficou parada na Casa. A proposta ganhou nova força com o advento do Propag, regulamentado em abril deste ano como um resgate para os estados em dívida com a União. O débito de Minas Gerais é um dos mais altos e gira em torno de R$ 170 bilhões.

Desde o início do século, a Constituição de Minas Gerais determina que estatais que controlam o fornecimento de gás natural, energia elétrica e saneamento só podem ser privatizadas mediante autorização prévia dos eleitores em referendo popular. A medida foi proposta pelo então governador Itamar Franco e aprovada por unanimidade pelos deputados.

O Propag prevê que os estados refinanciem as dívidas em até 30 anos e cria mecanismos para a redução dos juros, hoje estabelecidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% do débito ao ano. Uma das formas de reduzir dois pontos percentuais da cobrança adicional é amortizando ao menos 20% do estoque da dívida. Para isso, a estratégia de Zema prevê a federalização ou privatização de ativos estatais.

A PEC 24/2023, originalmente, previa a retirada do referendo para viabilizar a venda de Cemig e Copasa. Ao longo da tramitação na Casa, diante da resistência dos parlamentares, o governo admitiu a retirada da companhia energética da empreitada. A aprovação da PEC viabiliza o avanço do projeto de lei (PL) que, efetivamente, autoriza a venda da companhia de saneamento.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.
Graduado em jornalismo e pós graduado em Ciência Política. Foi produtor e chefe de redação na Alvorada FM, além de repórter, âncora e apresentador na Bandnews FM. Finalista dos prêmios de jornalismo CDL e Sebrae.